Sunday, May 19, 2013

Portugal: NOTAS SOLTAS




Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião

Passos e Gaspar mais fundamentalistas que a troika

A evocação da Senhora de Fátima feita por Cavaco Silva é bem capaz de não se dever só a ter sido concluída a sétima avaliação. Sabendo que o PR é especialista em frases de múltipla interpretação, é admissível que houvesse uma intenção mais sofisticada.

Os últimos dias têm dado azo a um conjunto de informações e análises que permitem concluir o que era óbvio desde o início: a austeridade pesadíssima que nos foi imposta tem mais a ver com o plano maximalista de Gaspar e Passos do que com a troika.

Manuela Ferreira Leite, Lobo Xavier e Pacheco Pereira endossaram as responsabilidades aos governantes nacionais. A ex-ministra admitiu que a troika tem servido de álibi para o que se está a fazer cá, até porque deve ter consciência de que o plano não vai dar resultado, porque agora só podemos consolidar as contas se houver crescimento. De outro modo os esforços serão inúteis. Lobo Xavier admitiu que a entrada em Portugal da troika foi liderada por um aprendiz de feiticeiro chamado Passos Coelho. Brutal!

Agora que a falência do plano está à vista, o mais provável é que Cavaco estivesse meramente a agradecer o facto de a troika ter dado o visto de princípio à transferência de 2 mil milhões de euros, de que precisamos como de pão para boca. Oxalá os últimos imbróglios não inviabilizem a transferência.

Gaspar e a democracia  

Apesar de ser um politicão de fina estirpe (dos que fazem a vida em cargos político-económicos de confiança sob o manto técnico), Vítor Gaspar tem uma clara repugnância pelo único método democrático verdadeiramente legítimo: o voto. Ao ponto de há dias ter dito friamente que não tinha sido eleito coisíssima nenhuma. Pois não foi, mas devia ter sido. Se fosse em Inglaterra não poderia ser ministro, porque só pode ir para o governo quem é deputado e só é deputado quem ganha o seu círculo uninominalmente. Ora aqui está uma fórmula que se se aplicasse cá nos teria poupado alguns governantes desastrosos em muito anos.

Sacrificados de ontem e de hoje  

Poderiam ter 60 anos em 2005 quando se reformaram. Convergência era palavra de conceito adquirido para no futuro pensões do Estado e do privado ficarem igualadas. Nada contra. No público já era mais estável e mesmo mais bem pago até aos níveis intermédios. Os craques só na privada é que ganhavam bem. Agora querem cortar-lhes 10% das pensões já. Esquecem-se que os abrangidos tinham 25 anos em 1970. Muitos foram para a guerra colonial em circunstâncias às vezes dificílimas, mas vêem as suas bonificações postas em causa por um governo em que está Paulo Portas. Sacrificados antes do 25 de Abril e desconsiderados agora. Há outros, mas estes têm mesmo muitas razões de queixa.

Silva Lopes e S. Tomás

O ex-ministro disse esta semana que concordava com o corte das pensões sabendo que até podia ser afectado. Pudera. Foi um entusiasta das nacionalizações da banca.

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