Sunday, May 19, 2013

Portugal: O PÓS-TROIKA NA AGENDA DE CAVACO SILVA E DO CONSELHO DE ESTADO





O Presidente da República e os seus conselheiros de Estado reúnem-se na segunda-feira com o 'pós-troika' na agenda, num encontro que também deverá ter em cima da mesa o Conselho Europeu de junho.

"Considerei que era importante ouvir a reflexão dos conselheiros de  Estado sobre matérias de relevância clara em Portugal, à medida que se aproxima  o fim do programa de assistência financeira, mas também para obter indicações  para a posição portuguesa a ser defendida, pelo Governo português, no Conselho  Europeu do mês de junho", explicou o chefe de Estado na terça-feira, um  dia depois de ter anunciado publicamente a convocatória da reunião do seu  órgão político de consulta. 

Contudo, e apesar de competir ao Presidente da República escolher o  tema em relação ao qual quer escutar a opinião dos seus conselheiros, outros  assuntos poderão também vir a ser abordados, nomeadamente a situação política  ou as mais recentes medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, nomeadamente  a chamada "TSU dos pensionistas", aprovada no dia anterior à convocação  do  Pelo menos um conselheiro de Estado, o antigo Presidente da República  Mário Soares, já admitiu que preferia discutir na reunião de segunda-feira  a situação atual do país do que o pós-'troika'. 

"Eu gostaria mais de discutir a situação do país do que a situação da  'troika', mas não sou responsável", afirmou Mário Soares. 

Para outro conselheiro de Estado, o ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de  Sousa o debate do Conselho de Estado vai ser centrado no futuro e servir  para o Presidente da República "ouvir o que é que os conselheiros pensam  sobre o mundo, a Europa e Portugal, daqui a um ano, um ano meio, dois anos,  três anos, quatro anos", mas vai decorrer "cheio de pontos de interrogação"  e com "muitas incógnitas". 

O primeiro-ministro, que também é conselheiro de Estado por inerência  do cargo, também já manifestou a sua convicção de que o debate será centrado  no "país pós-troika" e não na situação do executivo PSD/CDS-PP, dissociando  a convocação do órgão de consulta presidencial de alegadas "guerras internas"  no executivo, que também já negou existirem. 

Apesar dos partidos políticos não estarem representados no Conselho  de Estado, quer o BE, quer o PCP também já falaram da reunião de segunda-feira,  com o coordenador dos 'bloquistas' João Semedo a desvalorizar o encontro,  considerando que "o futuro do país não depende nem do Presidente da República  nem do Conselho de Estado". 

"Com aquela ordem de trabalhos, vai ser para validar o prolongamento  do pacto de agressão. O Presidente não se preocupa com a situação atual.  Está a pensar em junho do ano que vem. É a perspetiva do amarramento à União  Económica e Monetária. O Presidente gostaria de, depois do pacto, continuar  a agressão, tendo em conta as medidas draconianas da União Europeia", disse,  por sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. 

Esta será a décima reunião do Conselho de Estado, o órgão político de  consulta do Presidente da República, desde que Cavaco Silva é chefe de Estado.

A última reunião do Conselho de Estado aconteceu a 21 de setembro para  analisar a crise da Zona Euro e a situação nacional, uma semana depois de  o primeiro-ministro ter anunciado alterações à Taxa Social Única - que criaram  polémica em diferentes setores e um clima de instabilidade na coligação  governativa. 

No final da reunião, que demorou oito horas, surgiu a disponibilidade  do executivo para "estudar alternativas" à alteração da Taxa Social Única  (TSU), medida que acabou por não avançar. 

Integram o Conselho de Estado, por inerência dos cargos que desempenham  ou ocuparam: a presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro,  o presidente do Tribunal Constitucional, o Provedor de Justiça, os presidentes  dos governos regionais e antigos presidentes da República eleitos na vigência  da Constituição.

Integram o Conselho de Estado cinco cidadãos eleitos pelo Parlamento:  António José Seguro, Manuel Alegre, Francisco Pinto Balsemão, Luís Marques  Mendes e Luís Filipe Menezes. 

Outros cinco cidadãos designados pelo Presidente da República completam  a composição daquele órgão: João Lobo Antunes, Marcelo Rebelo de Sousa,  Leonor Beleza, Vítor Bento e António Bagão Félix. 

Até agora, o presidente do Governo Regional dos Açores, o socialista  Vasco Cordeiro, foi o único conselheiro de Estado a anunciar a vai 'falhar'  a reunião, porque a data coincide com o Dia da Região.

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