Thursday, April 25, 2013

APONTAMENTOS A 25 DE ABRIL DE 2013




A LUTA CONTINUA!

Martinho Júnior, Luanda

1 – Entre o 25 de Abril de 1974 e o de 2013, um turbilhão de emoções, sentimentos e pensamentos nos têm assaltado.

Na charneira dessa vivência está um povo referência, alvo da ditadura de então e da ditadura de hoje, do colonialismo de ontem e do colonialismo de hoje, um povo que não parou no espaço e no tempo, na busca da liberdade, na busca de dignidade, na busca de solidariedade, na busca de equilíbrio e de coerência, um povo que não está só, por que outros povos irmãos, alguns deles, para além da língua, para além de tanta identidade histórica e cultural comum, irmãos até nas rotas de infortúnio, têm todos os motivos e legitimidade para alimentar a esperança num futuro melhor!

2 – Entre o fascismo de então e a ditadura do capital de carácter neo liberal de hoje, há um ensinamento essencial à lógica com sentido de vida: o povo português nada conseguirá construir em prol da sua dignidade, da sua liberdade, soberania e independência sem luta, sem solidariedade, sem paz, sem aprofundamento da democracia e sem vocação internacionalista!

3 – A democracia está aí e há que a aprofundar no sentido popular, pois as novas tecnologias permitem reduzir o campo pernicioso da representatividade que tanto espaço cede à especulação, à ingerência, à manipulação e ao terrorismo financeiro, a ponto de se abrir subserviente, nos seus mecanismos de poder, à ditadura duma envenenada Nova Ordem Global!

4 – Derrubaram-se os muros da velha ditadura, derrubou-se o muro de Berlim, não para que outros muros, os muros do capitalismo neo liberal, fossem erguidos por dentro das instituições, por dentro das sociedades, por dentro até das comunidades, subjugando as mais legítimas aspirações dos povos identificados com a paz, com a dignidade, com a democracia!...

5 – Na democracia popular as classes trabalhadoras, os militares, os desempregados têm voz activa em fóruns próprios, institucionalmente identificados, para além dos partidos e sindicatos de referência nacional que com eles historicamente se identificam, para além da disponibilidade da rua, quantas vezes a rua onde são expressas as suas velhas amarguras.

É essa a coerência vital, que a representatividade não tem e ignora, (por que os fantoches ou não sabem, ou não querem saber e por isso jamais poderão sonhar), a coerência vital que hoje está tão visível com a crise a ponto de ser tão esclarecida a fronteira: confesso que neste 25 de Abril de 2013, tudo está de novo mais transparente e sensível quantas vezes por que tal como em 1974 faz parte intrínseca da identidade popular enquanto afirmação assumida na rua!

6 – Um dia houve um saudosista do fascismo que afirmou que o 25 de Abril era um mero “episódio do projecto global”…

O povo português em relação a esse anátema tem tido sempre uma palavra decisiva a dizer, pois a luta não ficou parada no tempo, nem no espaço e o processo dialéctico está hoje de novo bem vinculado ao presente e ao futuro!

7 – A experiência e a resistência dos povos, é isso que o povo português também nos ensina nas experiências marcantes de cada 25 de Abril, contra os novos muros que a lógica do capitalismo neo liberal vai disseminando de forma aberta ou dissimulada, são factores decisivos para a construção substantiva da liberdade e a via essencial para a esperança sadia e sustentável no futuro do homem e do planeta!

Referência a “25 de Abril episódios do projecto global” (Fernando Pacheco de Amorim) – http://macua.blogs.com/files/25abril_episodiodoprojectoglobal.pdf

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