Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ao avaliar a situação da mulher negra na sociedade brasileira, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse hoje (22) que, embora esse segmento esteja entre os que mais sofrem os efeitos do racismo, as mulheres negras são também as mais preparadas para transformar essa realidade. Ela participou da mesa de abertura da sexta edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha.
“Ainda somos parte das estatísticas do segmento que tem mais desvantagens na sociedade brasileira. Isso nos dá bem a noção do nível de dificuldades que nós mulheres negras temos que enfrentar. Ao mesmo tempo que o efeito do racismo se manifesta mais fortemente na nossa qualidade de vida, somos o setor da sociedade negra mais bem aparelhado para vencer o racismo”, disse.
Uma publicação sobre igualdade racial, lançada no Latinidades na manhã de hoje, traz artigos de especialistas com reflexões e dados sobre os negros e a mulher negra e mostra que elas são 56% dos trabalhadores domésticos. As mulheres negras estão em desvantagem também em estatísticas relacionadas à saúde e educação.
Os dados apresentados na publicação Igualdade Racial: reflexões no ano internacional dos afrodescendentes são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. O livro foi organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e está disponível no site www.ipea.gov.br.
Autora do artigo O Trabalho Doméstico e o Espaço Privado: iniquidades de direitos e seus impactos na vida das mulheres negras, a pesquisadora Cláudia Mara Pedrosa concluiu que o dia a dia das trabalhadoras domésticas negras ainda é marcado por relações de opressão e invisibilidade. “São relações permeadas por muita opressão e violência. Busquei junto com elas fazer uma crítica dessa invisibilidade do trabalho doméstico, da falta de fiscalização. É um recorte que diz muito sobre outras trabalhadoras que estão vivendo essa realidade e mostra a distância entre os direitos e as políticas para as mulheres da superação da desigualdade”, disse.
O Latinidades vai até o próximo dia 27 e tem participação de representantes de vários estados brasileiros e também de outros países que se organizam em torno da discussão de políticas públicas para as mulheres negras. A intenção é que o evento sirva para convergir iniciativas do Estado e da sociedade civil relacionadas ao enfrentamento do racismo, sexismo e da promoção da igualdade racial.
A sexta edição do festival tem atividades de formação, capacitação e empreendedorismo, economia criativa e cultura com ampla programação artística entre shows, exposições e desfiles. O tema deste ano é Arte e Cultura Negra – memória afrodescendentes e políticas públicas.
Edição: Denise Griesinger
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