Tuesday, July 23, 2013

Portugal – Rui Machete: REMODELAÇÃO INCLUI MINISTROS COM “RABOS DE PALHA”




Rui Machete será o Ministro dos Negócios Estrangeiros nesta remodelação do governo Cavaco-Passos-Portas. Divulgações do Wikileaks deixam perceber acusações dos EUA ao seu desempenho na Fundação Luso-Americana. Também o desempenho de alto. cargos de Rui Machete no SLN-BPN e BPP foram motivo de registos menos abonatórios do personagem. Também a ministra Luísa Albuquerque está perante a acusação de ter mentido sobre os terrificos “swaps” (ver postagem em PG). Ministros com “rabos de palha” em governo remodelado… Veja-se. (Redação PG)

Novo ministro dos Negócios Estrangeiros com fortes ligações ao BPN e ao BPP

CRISTINA FERREIRA – Público - 23/07/2013 - 21:58

Na década de 2000, antes dos dois bancos serem intervencionados e alvo de investigações policiais, Rui Machete ocupou funções ao mais alto nível no BPN e no BPP.

O novo Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, foi presidente ao longo de vários anos do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a dona do Banco Português de Negócios (BPN), onde o Estado português injectou a fundo perdido cerca de 4 mil milhões de euros.

Na sua qualidade de ex-presidente da Fundação Luso-Americana, Rui Machete esteve ligado ao Banco Privado Português (BPP), onde foi membro também do Conselho Consultivo, e onde adquiriu cerca de 3% das acções, investimento que a FLAD perdeu quando o banco declarou falência. 

Rui Machete, ex-ministro da Defesa e ex-vice-primeiro-ministro de um governo do bloco central, na década de 80, desempenhou funções ao mais alto nível na SLN, estando à frente do Conselho Superior (onde estão representados os accionistas), um lugar que garante poder de “fiscalização”.

A holding detinha a totalidade do capital do BPN, que foi nacionalizado em Novembro de 2008. As averiguações que seriam posteriormente desencadeadas pelo Ministério Público e pelo Banco de Portugal confirmaram que para além dos problemas de liquidez, do excesso de imparidades, da falta de capital, das relações promíscuas entre gestores e accionistas, o banco tinha sido alvo, ao longo de vários anos, de uma mega fraude (existia, por exemplo, um banco virtual a funcionar nos moldes do BPN desconhecido do Banco de Portugal). Uma burla levada a cabo por gestores e accionistas, um caso de polícia.

A nacionalização do banco, liderado por Oliveira Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva, teve repercussões políticas dado que até à intervenção estatal no BPN, ocuparam funções de destaque no grupo SLN/BPN personalidades com peso no PSD. Rui Machete, Daniel Sanches, ex-ministro de Santana Lopes, Dias Loureiro, ex-ministro da Administração Interna de Cavaco Silva e ex-Conselheiro de Estado, Duarte Lima, dirigente do PSD, e Arlindo Carvalho, ex-ministro da Saúde de Anibal Cavaco Silva, foram alguns dos nomes que se evidenciaram. Joaquim Coimbra, da direcção social-democrata, era um dos grandes accionistas da SLN. Já Cavaco Silva (e a filha) antes de se candidatar a Belém vendeu as acções da SLN a Oliveira Costa com um ganho de 350 mil euros.

Para além do BPN, Machete ocupava simultaneamente funções no Conselho Consultivo do BPP, liderado por Francisco Balsemão. Na qualidade de presidente da FLAD, Machete viabilizou a compra de cerca de 3% do capital da instituição financeira, fundada por João Rendeiro. Uma situação que gerou polémica com outra figura relevante do PSD, Mota Amaral, ex-presidente da Assembleia da República, a defender publicamente que o investimento foi ruinoso para a fundação (criada com verbas entregues pelos EUA ao abrigo do acordo sobre a concessão de facilidades militares nos Açores).

Na altura, Machete reagiu para garantir que a ligação ao BPP só deu lucro à FLAD. Mas a falência do BPP, que tem vários processos a correr em tribunal contra a ex-gestão presidida por João Rendeiro, implicou que os accionistas perdessem os valores investidos. 

Telegrama dos EUA acusa Rui Machete de má gestão na FLAD

PÚBLICO  - 26/02/2011 - 12:42

Um telegrama confidencial que a WikiLeaks conseguiu interceptar acusa o ex-presidente da Fundação Luso-Americana (FLAD) de má gestão e de se recusar a prestar contas à Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa.

Em Dezembro de 2008, o antigo embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, num telegrama intitulado “Problemas na Fundação Luso-Americana” enviado para Washington, acusa Rui Machete de ter feito um aproveitamento pessoal do cargo que desempenhava na FLAD.

O documento é citado pelo semanário Expresso, que anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da representação diplomática norte-americana em Portugal que integram o seu espólio.

O diplomata norte-americano, no mesmo telegrama, refere também que Rui Machete tem ligações aos dois maiores partidos portugueses e é suspeito de atribuir bolsas como forma de pagamento de favores políticos. E defende que “chegou a hora de decapitar Machete”, propondo uma campanha para mudar a direcção da FLAD.

“Obteve o cargo como prémio de consolação depois de ter perdido o lugar de ministro numa mudança de Governo e 1985”, concretiza Thomas Stephenson, dizendo que “tem sido há muito tempo um crítico dos EUA, que sempre resistiu à intervenção da embaixada”. Depois, o diplomata critica as elevadas despesas de funcionamento da fundação, descrevendo “gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoas supérfluo, uma frota de BMW com motorista e custos e administrativos e de pessoal que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa nos próprios programas da FLAD”. 

Mas a questão não é propriamente nova: sucessivos embaixadores norte-americanos em Lisboa teceram comentários semelhantes sobre o desempenho de Rui Machete. Em declarações ao Expresso, o antigo presidente da FLAD defendeu-se dizendo que se tratam de ataques pessoais e de acusações sem fundamento, que derivam de o facto de os Estados Unidos nunca terem percebido que a fundação é uma instituição portuguesa.

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