A crônica é uma narração pequena ou curta que segue uma ordem cronológica, para você entender melhor confira alguns exemplos a seguir.
Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
Exemplo em formato de texto:
O Sentido da Felicidade
O Sentido da Felicidade
Só assim mesmo para retornar de tanto tempo; necessitei forçar-me a compor essas palavras e, ainda por cima, em um tema mais que difícil. Pra mim felicidade não é apenas a ausência da tristeza, vale mais que isso. Aquela criança abre um sorriso quando vê a folha cair na cabeça do velhinho; que bom que o velhinho ri por contribuir com aquele sorriso.
O rapaz fica feliz com a promoção em seu emprego, a garota fica feliz quando ele nota seus três mínimos centímetros de corte de cabelo. Há quem me disse que a felicidade não existe; nunca nos contemos com nada, queremos sempre algo que nunca temos, admiramos algo que nunca teremos; esse prazer estampado nesse sorriso é muitas vezes resultado de benfeitoria em nós mesmo, nunca nos outros.
Talvez fazer algo de coração, por mais mínimo que seja, seja um bom caminho pra começar o dia. De preferência em que quem saia mais ganhando, na verdade, seja o outro. Se for um desconhecido então… parabéns! Talvez você tenha encontrado uma felicidade diferenciada. Uma felicidade que, por mais diferente de qualquer sentimento humano moderno, está muito mais ligado à aquela criança e àquele velhinho do que você possa imaginar. Pense nisso.
Bruno Alencarf
Outro exemplo de crônica:
Tenho, no meu escritório, uma tela de Pierro della Francesca ( 1410 - 1492 ) chamada "Ressurreição". A pedra do túmulo corta a tela em duas partes. Na parte de cima, com seu pé sobre a pedra, o Cristo ressuscitado. Na parte inferior, encostados à pedra, os guardas adormecidos. Perguntam-me sobre o sentido da tela. Respondo que não sei o sentido da tela.
As telas têm muitos sentidos. Eu só posso dizer os pensamentos que aquele quadro me faz pensar. E digo: enquanto os guardas da morte estão dormindo, o divino que mora em nós sai do sepulcro. Sabem disso as cigarras. Caminhando hoje pela manhã na fazenda Santa Elisa eu ouvi o seu canto. Já haviam deixado suas cascas nos troncos das árvores. Agora são seres alados. Cantam e voam, a procura do amor... Acho que estão celebrando a Páscoa..."
Rubem Alves
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