Diário Angolano
Na mesma data em que Kamalata Numa escreveu uma proclamação política de candidatura à presidência da UNITA na qual realça o espírito fundador de Muangai, o secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany, conduziu uma conferência de imprensa colocando a tónica nas “deserções” do partido.
“Os quadros inúteis na UNITA são aproveitados pelo partido no poder, isso não se chama deserção, chama-se corrupção política”, disse Vitorino Nhany, na linha de Isaías Samakuva que recentemente exortou os seus companheiros a saírem do partido, se essa for a sua vontade.
Deserções, dissidências e suspensões foram expressões muito ouvidas numa altura em que a situação de Nfuca Muzemba, secretário-geral da JURA, o braço juvenil da UNITA, continua indefinida quase um mês depois de ter sido “preventivamente suspenso” por um prazo não superior a oito dias, acusado de violar os estatutos do partido e de corrupção activa e passiva. Kamalata Numa, também em rota de colisão com o presidente Samakuva, diz no documento do passado dia 19: “A camada superior da classe média sempre traiu os aliados de luta e é o que está a acontecer também aqui em Angola!” Numa considera que o partido deve ir ao encontro da classe média, “conquistá-la e transformá-la em força principal na condução da Revolução Democrática”.
Mas Vitorino Nhany não ficou atrás em pureza ideológica, atirando para os jornalistas uma clássica citação marxista: “temos de resolver o aspecto principal da contradição principal”, considerando “secundárias” as actuais contradições no seio do seu partido. Mas foi em latim clássico que o secretário-geral da UNITA informou que o mês de reflexão lançado por Isaías Samakuva tem por lema “quo vadis Angola”.
Jornal de Angola, 22 de agosto de 2013
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