Sunday, June 30, 2013

Moçambique: CIRURGIA DE UMA INTOLERÂNCIA – ENTRE O GOVERNO E A RENAMO



Luís Nhanchote– Verdade (mz)

O novo espectro de uma nova guerra civil em Moçambique, entre o Governo da Frelimo e a Renamo, o maior partido da oposição, reabre as feridas da intolerância entre dois ex-beligerantes que durante 16 anos semearam luto, dor e destruição que se acreditava terem sido sanadas em Roma, com a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), em Outubro de 1992.

Vinte e um anos depois, esse cenário parece ter voltado para a mesa dos moçambicanos, onde a ementa é a mesma dos dias sangrentos: Quem paga a factura, na generalidade, são cidadãos civis e indefesos.

Os donos do cardápio – Governo da Frelimo e a Renamo – vão usando argumentos parcos e ocos, para justificarem a intolerância e a arrogância do que ficou por se resolver na capital italiana ao fim de dois e intensos anos de conversações.

Ponto 1: “Homens armados”

Chancelaram e acordaram em Roma, o Governo da Frelimo, que tinha à testa o ex-Presidente Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, que este último poderia manter uma segurança armada. Apesar do acordo, a Renamo não confiava numa segurança que não fosse a sua. Aliada a isso, uma das adendas do Acordo Geral de Paz(AGP) preconizava a incorporação de 15 mil homens por cada parte dos dois ex-beligerantes que se conflituaram, para a formação de um exército, o que não chegou a acontecer, alegadamente, por questões de natureza socioeconómica.

O país acabava de sair de uma guerra e entrava na rota da reconstrução e da reconciliação da grande família moçambicana. Na divisão que se pretendia equitativa, na destribuição de cargos altos no exército unificado, a Renamo foi acomodada, mas, gradualmente, foi reclamando que as suas altas patentes estavam a ser preteridas, isto é, compulsivamente passadas para a reserva.

No entanto, Afonso Dhlkama foi mantendo os seus “homens armados”, que rotativamente andavam entre Maputo e a sua antiga base central, em Gorongosa. O ex-Presidente Joaquim Chissano, mais dado à diplomacia, terá ordenado durante o seu mandato, após uma missão bem-sucedida de espionagem, uma operação de recolha de material bélico na posse daquele antigo movimento rebelde, facto que levantou as iras da Renamo.

Golpe dado, muito provavelmente, a Renamo ficou na retaguarda. Afinal de contas, a natureza belicista deste partido continuava intacta. Do lado governamental idem!

Ponto 2: Dossiê eleitoral

Desde a realização das primeiras eleições gerais e multipartidárias, em 1994, até as últimas de 2009, que a Renamo sempre proclamou a plenos pulmões que fora vítima de fraudes eleitorais, orquestradas pelos órgãos que organizam os pleitos eleitorais, no caso a Comissão Nacional de Eleições (CNE). Desde a criação deste órgão, o mesmo foi obedecendo a critérios de paridade, com base na proporcionalidade de assentos na Assembleia da República (AR).

Porém, a Renamo, que gradualmente vai reduzindo os seus assentos na AR, e consequentemente na composição da CNE, acredita que o partido Frelimo – que detém agora a maioria qualificada no Parlamento – tem espaço alargado de manobra para prosseguir com as alegadas “fraudes”. E, deste modo, a Renamo ameaça boicotar os próximos pleitos eleitorais, como já o fizera nas primeiras eleições autárquicas, em 1998.

Outra descofiança da Renamo tem a ver com a sociedade civil nos órgãos eleitorais. Afonso Dlakhama não tem dúvidas de que enquanto o patrão continuar a ser o partido Frelimo, que também é Governo, ela não existe.

“Não é porque não reconhecemos a sociedade civil, não há condições para a sociedade civil porque todos, para viverem, o patrão é sempre a Frelimo. Ainda é cedo para a sociedade civil em Moçambique, talvez daqui a 20 ou 30 anos quando começarmos a ter as indústrias independentes, privadas, para também empregarem os intelectuais”. Estas palavras foram proferidas por Afonso Dhlakama na conferência de imprensa em Gorongosa.

Aquando da tomada de posse dos membros das Comissões Provinciais Eleitorais verificou-se que muitos dos membros da sociedade civil que estão presentes têm ligações umbilicais com o partido no poder, a Frelimo.

Ponto 3: Dhalkama regressa a Gorongosa

Com passagem por Nampula, onde se terá estabelecido depois das últimas eleições, o líder da Renamo, Afonso Dhlkama, regressou a Santhujira, na serra de Gorongosa, sua antiga base central durante os 16 anos da guerra civil.

De mimos em mimos, iniciados em Nampula ano passado, onde os “homens armados” da Renamo que estariam a criar terror em plena capital do norte, o exército acabou por pôr termo ao espectro de guerra que se vivia naquele ponto do país ao desbaratar aqueles ex-guerilheiros. Posto isto, Dhlakama desceu para o lugar aonde se sente como peixe na água: Gorongosa.

Ao que se sabe, Dhlakama terá ido às celebrações do 33º aniversário do passamento físico do movimento rebelde, que se assinala a 17 de Outubro. Foi de Gorongosa que Dhlakama anunciou que a partir de então estava de volta ao seu antigo “lar” e que de lá já não sairia, até que terminasse a exclusão social, económica e cultural de que a maioria dos moçambicanos tem estado a ser vítima em detrimento de uma minoria predadora, com acesso ao Estado e que tem estado a fazer acumulação de capital.

Acusado o golpe, o Governo tratou de mandar o exército para as cercanias da serra de Gorongosa, facto que exarcebou os ânimos da Renamo, que passou a fazer uma demostração de força, fazendo circular pela vila-sede de Gorongosa os seus “homens armados”, facto só igual em cenários hollywoodescos.

A 5 de Abril, em alegada retaliação de um ataque à sua sede, em Muxúnguè e detenção dos seus membros, os “homens armados”da Renamo atacaram uma unidade policial, onde foram mortos militares e, cinco dias depois, o próprio Dhlakama assumiu, a partir de Gorongosa, numa concorrida conferência de imprensa, ter sido dele a ordem do ataque.

Dois meses depois, mais concretamente a 17 de Junho, o caldo entornou-se com um assalto ao paiol de Savane, localizado na província de Sofala, centro do país, que foi invadido e atacado por homens armados, que mataram sete militares e levaram consigo diverso material bélico que as autoridades governamentais ainda não quantificaram.

O Governo atribuiu a autoria desse ataque aos “homens armados” da Renamo, que basicamente se encontram posicionados naquela província central do país, alegadamente para protegerem o seu líder Afondo Dhlkama, que se encontra baseado no distrito de Gorongosa.

Na quarta-feira da semana passada, a Renamo convocou uma conferência de imprensa para dar a conhecer aos moçambicanos e ao mundo que não tinha nada a ver com o referido ataque e que iria encerrrar a estrada nacional número 1, a principal estrada do país que liga o sul ao norte, num troço de cerca de 200 quilómetros, alegadamente para “alargar o perímetro de segurança do presidente Dhlkama”.

Em consequência destas declarações, proferidas pelo brigadeiro Jerónimo Malagueta, este acabou por ser detido pelas autoridades, alegadamente por colocar em causa “a ordem pública e a segurança”.

Esta semana, voltaram a registar-se cenários de ataques e o transporte, na rota rio Save a Muxúnguè, está a ser condicionado por colunas militares, fazendo lembrar os anos oitenta a noventa. Durante as celebrações da independência nacional, esta quarta-feira, o Presidente Guebuza, falando na Praça dos Heróis, disse estar disposto a conversar com Afonso Dhlakama, mas que este se tem furtado a tal encontro. “Ele é que escapa a esses encontros” disse o chefe de Estado, que é igualmente presidente da Frelimo.

Ponto 4: Negociações da intolerância

Desde Dezembro passado que o Governo e a Renamo têm estado em negociações com vista a resolver as reivindicações deste que é o maior partido da oposição no país. As primeiras quatro rondas foram realizadas numa estância turística em Maputo – Indy Village – e naturalmente pagas pelo erário e não produziram nenhum consenso. Chegavam a durar um dia inteiro, com intervalos para cafés e almoços. O diálogo ensurcedor, entre as partes, acabou por marcar a rotura das mesmas, tendo mais tarde sido reatadas depois de o espectro de guerra se ter tornado uma triste e dura realidade.

O Governo não está a ceder às pretensões da Renamo no tocante ao dossiê eleitoral, alegadamente porque quem tem competências para o fazer é o Parlamento, onde a Frelimo tem uma maioria qualificada.

Nesta onda de intolerância, de recusa de cedências de parte a parte, o país vai resvalando para um mar de incertezas, de clima de terror, para gáudio da arrogância de quem possa (re)colocar o país no concerto da nações.

Moçambique: PRESIDENTE GUEBUZA DISPOSTO A REUNIR-SE COM O LÍDER DA RENAMO



AIM - MZ

Maputo, 30 Jun (AIM) – O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, está disposto a reunir-se com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, num encontro que deverá ocorrer próxima semana na capital do país, Maputo. 

O facto foi anunciado no princípio da tarde de hoje, no palácio presidencial, em Maputo, pelo Conselheiro e Porta-Voz do estadista moçambicano, Edson Macuácua.

“No prosseguimento da sua abertura dentro do diálogo com a Renamo, sua excelência o Presidente da Republica, Armando Guebuza, está disposto a manter um encontro com o dirigente da Renamo, próxima semana, na cidade de Maputo”, disse Macuácua.

De acordo com a fonte, o Presidente Guebuza mandatou a delegação do governo, chefiada pelo Ministro da Agricultura, José Pacheco, para criar condições que resultem na efectivação deste encontro ao mais alto nível.

A agenda do frente-a-frente entre o Presidente Guebuza e o Líder da Renamo será, segundo Macuácua, fixada no quadro da preparação que será feita pelas delegações do Governo e da Renamo que voltam a estar à mesma mesa esta Segunda-feira.

Macuácua anunciou ainda que no encontro de Segunda-feira o governo vai apresentar um ponto prévio que é a desmilitarização da Renamo.

“O Governo vai apresentar no encontro de Segunda-feira um ponto prévio que tem a ver com a desmilitarização da Renamo, para que este movimento se conforme com o quadro de um Estado de direito democrático que regula as actividades dos partidos políticos no país”, frisou Edson Macuácua, nesta sua primeira intervenção na qualidade de Conselheiro e Porta-voz do Presidente Guebuza.

O Presidente Guebuza nomeou, há sensivelmente duas semanas, Edson Macuácua, para este cargo.

Ficou também decidido que esta individualidade passe a fazer pronunciamentos regulares à imprensa em nome do Chefe de Estado.

Para alem de ter sido deputado da Assembleia da Republica, o parlamento moçambicano, Macuácua já exerceu as funções de Porta-Voz do partido governamental, a Frelimo, e de Secretário do Comité Central deste partido para a área de Mobilização e Propaganda.

EUA: O assalto do FED ao ouro – A "venda a descoberto" e a falsificação do mercado do ouro



Paul Craig Roberts

Fui o primeiro a indicar que o Federal Reserve estava a falsificar  (rigging) todos os mercados, não apenas os preços de títulos e as taxas de juro, e que o Fed está a falsificar o mercado do ouro a fim de proteger o valor de troca do US dólar, o qual está ameaçado pela sua facilidade quantitativa  (quantitative easing)  . Com o Fed a aumentar a oferta de dólares mais depressa do que aumenta a sua procura, o valor cambial do dólar está destinado a cair. 

Uma queda na taxa de câmbio do dólar incrementaria os preços de importação e, portanto, a inflação interna. Assim, o Fed perderia controle sobre taxas de juro. O mercado de títulos entraria em colapso e com ele o valor de dívidas relacionadas com derivativos nos balanços do "bancos demasiado grande para falirem". O sistema financeiro entraria em perturbação e reinaria o pânico. 

A ascensão rápida dos preços do ouro constituía uma indicação de perda de confiança no dólar e assinalava uma queda na taxa de câmbio do dólar. O Fed utilizou vendas a descoberto  (naked shorts)  no mercado de ouro-papel para compensar o efeito de uma ascensão da procura pela posse de ouro. Vendas a descoberto que deitam abaixo o preço disparam ordens de minimização de perdas  (stop-loss)  que automaticamente levam a vendas individuais de haveres em ouro uma vez atingido o seu limite de perdas. 

Segundo Andrew Maguire, na sexta-feira, 12 de Abril, os agentes do Fed golpearam o mercado com 500 toneladas de vendas a descoberto. Normalmente, uma venda a descoberto verifica-se quando um investidor pensa que o preço de uma acção ou commodity vai cair. Ele quer vender antes da queda, embolsar o dinheiro e a seguir comprar outra vez após a queda de preço, portanto fazer dinheiro na venda a descoberto. Se ele não tiver o produto (acção ou commodity), toma emprestado de alguém que o tenha, disponibilizando como colateral uma quantia de dinheiro igual ao preço corrente do mercado. A seguir vende o produto, espera pela sua queda de preço, compra-o outra vez ao preço mais baixo e devolve-o ao proprietário o qual devolve o seu colateral. Se forem efectuadas suficientes vendas a descoberto, resultado pode ser deitar abaixo o preço de mercado. 

Uma venda a descoberto verifica-se quando o vendedor não tem ou toma emprestado o produto que vende, mas mesmo assim vende. No mercado de ouro-papel, os participantes estão a apostar nos preços do ouro e contentam-se com o pagamento monetário. Portanto, geralmente, quando os participantes não estão interessados em receber a entrega do ouro, vendas a descoberto não precisam ser cobertas com o metal físico. 

Por outras palavras, com vendas a descoberto, nenhum metal físico é realmente vendido. 

Há pessoas que me perguntam como sei que o Fed está a falsificar o preço do ouro e parecem surpreendidas por alguém pensar que o Fed e os seus agentes bancários de ouro possam fazer tal coisa, apesar do conhecimento público de que o Fed está a falsificar o mercado de títulos e de que bancos com conhecimento do Fed falsificaram a taxa Libor. A resposta é que a evidência circunstancial é poderosa. 

Considerem-se as 500 toneladas de ouro-papel vendidas na sexta-feira. Comece com a pergunta: quantas onças equivalem a 500 toneladas? Há 500 mil quilogramas numa tonelada. Há 32,15 onças em cada quilograma, o que resulta em 16 milhões de onças de vendas a descoberto na sexta-feira. 

Quem tem 16 milhões de onças de ouro? No princípio daquele dia o preço do ouro era cerca de US$1.550, o que resulta em US$24.800.000.000. Quem tem tanto dinheiro? 

O que acontece quando 500 toneladas de vendas de ouro são despejadas no mercado num só momento ou num só dia? Correcto, conduz o preço para baixo. Investidores que querem sair de grandes exposições arrancariam com vendas antecipadas de modo a não reduzir suas receitas de vendas. A venda deitou abaixo o preço do ouro cerca de US$73 por onça. Isso significa que o vendedor ou vendedores perderam 73 dólares 16 milhões de vezes, ou US$1.168.000.000. 

Quem é que se pode permitir perder tanto dinheiro? Só um banco central que o pode imprimir. 

Acredito que as autoridades gostariam de deitar abaixo o preço do ouro ainda mais e, se puderem, golpearão o mercado do ouro ainda um par de vezes na próxima semana colocando o ouro a US$1.400 por onça ou menos. Os declínios sucessivos poderiam talvez alarmar possuidores individuais de ouro físico e resultariam em vendas líquidas reais de ouro físico quando as pessoas reduzissem seus haveres do metal. 

Contudo, o corrector de ouro Bill Haynes informou à kingworldnews.com na sexta-feira passada que os compradores de ouro ultrapassaram os vendedores na proporção de 50 para 1 e que os prémios no preço spot das moedas de ouro e prata são os mais elevados em décadas. Eu próprio verifiquei isso junto à Gainesville Coins e disseram-me que muitos mais compradores do que vendedores haviam respondido à queda de preço. 

A menos que as autoridades tenham metal real para suportar a venda a descoberto, elas poderiam deparar-se com pedidos de entregas. Se incapazes de cobrir a escassez de metal real, o esquema seria revelado. 

Será que as autoridades têm metal para cobrirem as vendas? Eu não sei. Contudo, correctores bem informados têm suspeitas. Alguns pensam que stocks de ouro físico dos EUA foram utilizados em esforços de vendas para interromper a ascensão do preço do ouro dos US$272 em Dezembro de 2000 para US$1.900 em 2011. Eles apontam o recente pedido da Alemanha de que os EUA devolvam o ouro alemão armazenado nos EUA e a resposta do governo estado-unidense de que devolveriam gradualmente o ouro ao longo de sete anos. Se os EUA têm o ouro, porque não o devolvem à Alemanha? 

A implicação evidente é que os EUA não podem entregar o ouro. 

Andrew Maguire também informa que bancos centrais estrangeiros, especialmente o da China, estão a carregar-se de ouro físico aos baixos preços tornados possíveis pela venda a descoberto. Se bancos centrais estão a utilizar seus haveres em dólares para comprar ouro a preços de saldo, o resultado provável será pressão sobre o valor cambial do dólar e um declínio no mercado de oferta de ouro físico. Por outras palavras, ao tentar proteger o dólar da sua política de facilidade quantitativa o Fed pode estar a precipitar a morte do dólar. 

Possivelmente o Fed teme uma crise do dólar ou uma explosão próxima de derivativos e está a tentar desactivar o preço ouro/dólar antes que estoure a perturbação. Se maus ventos são previstos, o Fed pode sentir-se melhor posicionado para tratar da crise se o preço do ouro estiver mais baixo e a confiança no mesmo como refúgio tiver sido abalada. 

Além da venda a descoberta que é destinada claramente a deitar abaixo o preço do ouro, a orquestração também é indicada pelos anúncios avançados este mês primeiro por casas correctoras e a seguir pela Goldman Sachs de que hedge funds e investidores institucionais estariam a vender suas posições em ouro. O objectivo destes anúncios foram encorajar investidores individuais a saírem do ouro antes de os big boys o fazerem. Será que alguém acredita que hedge funds e a Wall Street anunciariam suas vendas antecipadamente de modo a que o peixe miúdo possa sair do ouro a um preço mais alto do que o deles? 

Se estes anúncios não são orquestração, o que é que são? 

Vejo o esforço orquestrado para refrear o preço do ouro e da prata como um sinal de que as autoridades estão aterrorizadas com a perturbação que está a fermentar e com a possibilidade de não poderem controlá-la a menos que haja forte confiança no dólar. Do contrário, que sentido tem as pesadas vendas a descoberto e os anúncios orquestrados de vendas de ouro antes de venderem?

Nota: Os pesos do ouro baseiam-se em toneladas métricas e onças troy. 1 onça troy = 31,103 gramas. 500 toneladas = 16.075.619,72 onças troy.

Acerca do ouro, ver também: 

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/ 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

EUA-OBAMA: O AMIGO AMERICANO QUE ESPIA A UNIÃO EUROPEIA COMO UM INIMIGO




EUA/Escutas: Ana Gomes não está surpreendida com alegada espionagem à UE

A eurodeputada do PS Ana Gomes afirmou hoje que não ficou surpreendida com as informações sobre a alegada espionagem a instituições europeias pelos Estados Unidos.

“Não me surpreende realmente, embora lamente”, resumiu a eurodeputada, lembrando a “opção de segurança e a multiplicação de agências em rivalidade”.

A revista alemã Der Spiegel afirma hoje que a União Europeia era uma dos alvos da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), acusada de vigiar comunicações eletrónicas à escala global através do programa Prism.

Em declarações à agência Lusa, Ana Gomes não deixou de lamentar a situação por ser um “desperdício de tempo, de dinheiro e de meios” que podiam ser encaminhados para outros “alvos" em vez dos "aliados europeus”.

Comentando consequências para as relações entre as duas partes, Ana Gomes afirmou que a relação de fundo não se deverá alterar.

“Mas obviamente causa danos na confiança, que é muito importante em todos os domínios, como no quadro do combate ao terrorismo e nas questões da segurança e temo que possa tornar ainda mais complicada a negociação do acordo de comércio e investimento que estava em preparação”, notou.

A União Europeia já questionou as autoridades norte-americanas sobre a alegada espionagem a instituições europeias e disse que espera uma resposta.

"Estamos ao corrente das informações que surgiram na imprensa. Contactámos de imediato as autoridades norte-americanas em Washington e em Bruxelas para as confrontar com as informações publicadas", referiu em comunicado a Comissão Europeia.

"Disseram-nos que vão verificar a exatidão das informações publicadas ontem e nos dariam uma resposta", acrescentou a Comissão, referindo que nesta fase não faz qualquer outro comentário.

O presidente do parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou-se preocupado e chocado com estas informações e a ministra da Justiça alemã, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, também exigiu explicação dos Estados Unidos sobre estas revelações.

PL (EO) // PJA

França pede explicações aos Estados Unidos sobre espionagem

A França pediu hoje "explicações às autoridades norte-americanas" sobre a alegada espionagem a instituições europeias por parte de Washington revelada pela imprensa alemã, declarou hoje o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.

"A França pediu hoje explicações às autoridades norte-americanas sobre as informações divulgadas pela revista alemã Der Spiegel segundo as quais a Agência de Segurança Nacional (NSA) terá espiado instituições da União Europeia", disse Fabius em comunicado. "Estes factos, se confirmados, serão inaceitáveis", considerou.

"Esperamos que as autoridades norte-americanas ponham fim o mais depressa possível às legítimas preocupações suscitadas pelas revelações da imprensa", afirmou o ministro.

O pedido de Paris foi transmitido pela embaixada de França em Washington à Casa Branca e ao Departamento de Estado, segundo fonte diplomática francesa.

A União Europeia e a Alemanha já tinham exigido explicações aos Estados Unidos na sequência destas revelações, atribuídas ao informático Edward Snowden, que trabalhou para a NSA e fugiu dos Estados Unidos, estando atualmente à espera que lhe seja concedido asilo no Equador.

EO // PJA

União Europeia espera explicações de Washington sobre alegada espionagem

A União Europeia (UE) indicou hoje que questionou as autoridades norte-americanas sobre a alegada espionagem a instituições europeias e disse que espera uma resposta.

"Estamos ao corrente das informações que surgiram na imprensa. Contactámos de imediato as autoridades norte-americanas em Washington e em Bruxelas para as confrontar com as informações publicadas", referiu em comunicado a Comissão Europeia.

"Disseram-nos que vão verificar a exatidão das informações publicadas ontem e nos dariam uma resposta", acrescentou a Comissão, referindo que nesta fase não faz qualquer outro comentário.

A revista alemã Der Spiegel afirma hoje que a UE era uma dos alvos da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), acusada de vigiar comunicações eletrónicas à escala global através do programa Prism.

A publicação baseia as suas informações em documentos que obteve através de Edward Snowden, um informático que foi consultor da NSA e está atualmente em fuga, depois de ter feito revelações sobre este programa de vigilância.

De acordo com a revista, num documento de setembro de 2010, classificado como "estritamente confidencial", a NSA descreve como espiava a representação diplomática da União Europeia (UE) em Washington, recorrendo a microfones instalados no edifício, mas também a infiltrações na rede informática, que lhe permitia ler correios eletrónicos e documentação interna.

O presidente do parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou-se preocupado e chocado com estas informações e a ministra da Justiça alemã, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, também exigiu explicação dos Estados Unidos sobre estas revelações.

EO // PMC

MERKEL: O BODO AOS POBRES



Paulo Gaião – Expresso, opinião

Angela Merkel começou a distribuir dinheiro na Alemanha, a três meses das eleições legislativas, para tentar impedir a recessão no país.

Só o aumento do abono de família e das pensões mais baixas terá um custo de 15 mil milhões de euros.

Mas é  nas obras públicas que Merkel gastará mais. Até 2017 são 25 mil milhões de euros.
É difícil o projeto europeu sobreviver assim.

A Alemanha a fazer aquilo que proíbe a Portugal e à Grécia, deixando-os a pão e água.

A Alemanha a fazer aquilo que as receitas económicas dizem para fazer mas impede os outros de aplicar.

Merkel está convencida que gere estas contradições europeias viabilizando fundos de solidariedade para os países em dificuldades. 

É um puro engano.  

Os fundos chegam tarde a economias devastadas.

E são uma espécie de bodo aos pobres para limpar a consciência alemã.

Os piores sentimentos de revolta nascem assim.

Da injustiça de ver os senhores a viverem fartos e continuarem a ditar as suas sentenças.

Ainda esta semana, Merkel voltou a dizer que é preciso os países periféricos continuarem a fazer os "trabalhos de casa".

É o despotismo de quem pode e manda.

GOVERNO ALEMÃO QUER QUE PAÍSES EM CRISE MANTENHAM POLÍTICA DE AUSTERIDADE



Expresso - Lusa

Berlim, 30 jun (Lusa) - O Governo alemão exige aos seus parceiros da União Europeia que mantenham uma política de austeridade em vez de apoiar iniciativas destinadas a incentivar o crescimento como em Portugal e Espanha, afirma hoje o jornal Der Spiegel.

Segundo aquele semanário, um documento interno do ministério das Finanças alemão defende que a situação de debilidade económica da Zona Euro não permite que os Estados "se desviem" da linha de consolidação orçamental que, segundo Berlim, tem dado resultados positivos.

O Der Spiegel avança os exemplos dos governos português e espanhol, recordando os esforços do ministro português da Economia, Álvaro Santos Pereira, no sentido de fomentar o crescimento económico e incentivar o consumo e os investimentos.

Portugal: O GOVERNO QUE DERROTOU MARKX




Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

1. A greve geral de quinta-feira repetiu vários dos sinais das anteriores. Mais uma vez ficou bem visível a pouca implantação dos sindicatos nos trabalhadores da actividade privada. Muitos anos de erros na maneira de olhar para a actividade sindical nas empresas, a pouquíssima atenção dada aos desempregados e aos que tentam entrar no mercado de trabalho contribuíram decisivamente para a profunda crise do movimento sindical no sector privado (e não só) e logo num momento em que eram precisos sindicatos fortes e conscientes dos novos desafios que a comunidade enfrenta.

Depois, num momento em que se vive sérias dificuldades, os trabalhadores pensam duas vezes antes de fazer greve para não agravar os problemas das suas empresas. No sector público, os despedimentos anunciados são, como é evidente, um forte incentivo ao não exercício do direito à greve. No entanto, e apesar de tudo isto, a greve geral fez-se sentir. Mais do que a guerra de números dos sindicatos e Governo, fica a sensação da expressão dum enorme descontentamento. Fica a imagem de gente que mesmo com grande sacrifício pessoal fez greve e de outra gente que não fez mas que concorda com os seus motivos.

Houve, no entanto, uma enorme novidade nesta greve geral, algo de que em Portugal não havia memória: às principais centrais sindicais juntaram-se as associações patronais - o barulho de Marx e Engels a darem voltas na campa foi tão grande que deve ter chegado a Lisboa.

Não é que estas associações já não tivessem mostrado, e não por poucas vezes, a sua profunda oposição ao caminho que o Governo está a prosseguir. Os empresários sabem o que está a ser feito à economia portuguesa, vivem-no no dia a dia. Eles sabem onde ficaram as reformas prometidas, a desburocratização e toda a questão dos custos de contexto. Eles sabem para onde a carga fiscal está a empurrá-los. Eles sabem onde pára o crédito. Mas sabem sobretudo que sem clientes não há empresas que resistam.

Sim, eles sabem isso tudo e também sabem que muitos dos males que os afligem não são de agora. O que é de agora é o limite a que estão a ser levados. Se o Governo não percebe o limite a que estão a ser levados os empresários para, no fundo, apoiarem uma greve é porque já não percebe nada. Se o Governo não percebe o significado político e social de patrões e sindicatos se mostrarem unidos contra as opções do Governo, é porque o autismo é completo.

Na mesma quinta-feira, os patrões e os sindicatos portugueses tiveram um apoio, para alguns, inesperado: os partidos que suportam o Governo aprovaram seis de dez propostas apresentadas pela oposição. E que clima se viveu na Assembleia da República: digamos que parecia que ia ser votado um voto de louvor a uma qualquer figura nacional ou internacional consensual, tal era a afabilidade e a cooperação.

Enquanto o ministro Marques Guedes afirmava respeitar mais uns trabalhadores do que outros, no Parlamento, um vice-presidente da bancada social-democrata, Luís Menezes, dirigindo-se aos socialistas, lembrou que "é muito mais o que nos une do que o que nos separa" e chegou mesmo a mostrar compreensão pela proposta para a reposição do valor do IVA da restauração. As perguntas são inevitáveis: alguém tinha avisado o Governo de que iam ser votadas favoravelmente estas propostas? Vítor Gaspar e Passos foram postos ao corrente? Concordam?

Parece que não. Sábado, a TSF divulgava um documento do Ministério das Finanças no qual se arrasam por completo as propostas dos socialistas. As tais que foram aprovadas pelos deputados sociais-democratas e centristas...

Um dia antes, talvez por nessa altura o primeiro-ministro não se encontrar a uns milhares de quilómetros de distância, Luís Montenegro desmereceu as propostas qualificando-as de desilusão. Mas isso seria o menos. Nesse mesmo dia tínhamos visto um primeiro--ministro inflexível com a oposição, sem vontade de ouvir o que quer que fosse e mostrando uma violência no discurso ainda não ouvida. A intolerância com a oposição foi tanta que o CDS se sentiu incomodado e apelou ao diálogo.

A greve geral consagrou definitivamente o total isolamento do Governo. Estes episódios no Parlamento deixaram transparecer o sentimento de profunda desilusão com a governação que percorre o PSD.

Existe de facto um consenso e não há dia em que não cresça.

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

O BRASIL NÃO SE ENTEDIA




Pela primeira vez na história do país, um governo decidiu enfrentar o problema principal de sua formação social : a desigualdade. Essa mudança foi realizada – uma façanha, aliás – ao mesmo tempo em que as liberdades democráticas foram aprofundadas. No entanto, é impossível negar a existência de um mal estar na sociedade brasileira. A presidenta Dilma Rousseff saudou a « voz das ruas », condenou os excessos das forças de segurança contra os manifestantes e convocou a Brasília os principais porta-vozes dos movimentos para um debate franco. Por Marco Aurélio Garcia.

Marco Aurélio Garcia - Carta Maior

Os franceses compreenderam, há 45 anos, que fatos aparentemente anódinos podem ser a origem de eventos de proporções históricas. Um acontecimento menor, em Nanterre, foi o estopim que provocou uma das maiores explosões sociais e políticas da segunda metade do século passado : o Maio de 68. Não se trata, obviamente, de explicar a amplitude dessa « deflagração » por seu « detonador », se bem que os laços entre os dois fenômenos sejam evidentes.

Em São Paulo, há pouco mais de uma semana, o aumento de 20 centavos no preço da tarifa de ônibus deu origem a uma onda de protestos que se propagou rapidamente por centenas de cidades brasileiras, para se tornar no que pode ser considerada a maior mobilização social que o país conheceu depois do fim da ditadura militar. O que, a primeira vista, parecia corresponder a uma demanda específica, transformou-se rapidamente em um movimento no qual convivem inúmeras – e às vezes contraditórias – reivindicações.

Tudo leva a crer que, apesar da grande transformação econômica e social que o Brasil viveu nos últimos dez anos, em consequência das reformas implementadas pelos governos de Lula e de Dilma Rousseff, o país « se entediou », como disse Pierre Viansson-Ponté a propósito da França, na véspera do Maio de 68.

O « tédio » brasileiro pode parecer paradoxal. Com efeito, nestes dez últimos anos, o país retomou o caminho do crescimento, após mais de 30 anos de estagnação. E conseguiu aliar a esse crescimento a saída de mais de 40 milhões de homens e de mulheres da condição de pobreza, sem sacrificar para isso o equilíbrio macroeconômico. O Brasil vive hoje uma situação de quase pleno emprego, com aumento significativo da renda dos trabalhadores. A vulnerabilidade externa da economia foi controlada. O país passou de uma situação de devedor a de credor internacional. Mesmo os problemas conjunturais que a economia brasileira enfrenta hoje não colocam em questão as perspectivas de seu desenvolvimento futuro.

Pela primeira vez na história do país, um governo decidiu enfrentar o problema principal de sua formação social : a desigualdade. Essa mudança foi realizada – uma façanha, aliás – ao mesmo tempo em que as liberdades democráticas foram aprofundadas. A presidenta Dilma Rousseff saudou a « voz das ruas », condenou os excessos das forças de segurança e convocou a Brasília os principais porta-vozes dos movimentos para um debate franco. Não estamos, portanto, diante de um movimento contra o autoritarismo.

No entanto, é impossível negar a existência de um mal estar na sociedade brasileira, que diz respeito a todas as instituições em seus diferentes níveis. Esse sentimento decorre de problemas de duas ordens distintas.

Em primeiro lugar, apesar dos grandes avanços dos últimos dez anos, as condições de vida de milhões de brasileiros seguem difíceis, incluídos aí os milhões que viveram recentemente uma ascensão econômica e social. A democratização do acesso à educação não foi acompanhada em todo o país por uma melhoria equivalente da qualidade. Nos serviços de saúde, áreas de excelência convivem com setores extremamente deficientes. A urbanização acelerado do país, que conta com aproximadamente 200 milhões de habitantes, colocou em evidência a situação precária do transporte nas cidades, onde os trabalhadores perdem horas de sua jornada para sair de suas casas e chegar até o local de trabalho.

A referência a esses três temas, evocados nos cartazes dos manifestantes, é pertinente. Ela diz respeito a problemas que fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros.

A segunda razão desse mal estar brasileiro está ligada à esfera política. As mudanças econômicas e sociais dos últimos anos não foram acompanhadas pelas transformações institucionais necessárias dos poderes do Estado, dos partidos, e também dos meios de comunicação, fortemente concentrados no Brasil.

Os manifestantes reivindicam serviços públicos de qualidade, fustigam a burocracia e a corrupção. Mesmo no « país do futebol » os gastos com a preparação da Copa do Mundo e da Copa das Confederações tornaram-se alvo das manifestações. Critica-se sua falta de transparência.

Após dois pronunciamentos endereçados à nação, a presidenta da República retomou a iniciativa política. Para além do desenvolvimento das políticas públicas atuais, ela sublinhou a necessidade de uma ampla reforma política. Como em outras partes do mundo, especialmente na América do Sul, as instituições se revelaram tímidas e insuficientes face ao alargamento do espaço público e à integração em seu interior de novos sujeitos políticos.

Uma reforma política é essencial sobretudo no domínio da luta contra a corrupção, que como é o caso habitualmente na história, é apresentado por certos setores como o principal problema a resolver. As críticas formuladas pelos defensores dessa oposição são dirigidas principalmente às instituições, sem distinção, e aos partidos políticos em particular.

É bem conhecido que o ataque contra as instituições, em especial contra os partidos que constituem as bases sociais, reflete duas orientações. A primeira está ligada a uma regressão autoritária, que se articula em torno de um « homem providencial », capaz de implementar uma contra-reforma econômica e social.

A segunda, de natureza democrática, preconiza uma reforma urgente e profunda das instituições, em especial, dos partidos políticos. Hoje, uma tal reforma exigiria mudanças na lei eleitoral para corrigir as graves distorções dos mecanismos de representação, adotando o princípio do financiamento público das campanhas para eliminar a influência exercida pelo poder econômico nas eleições. Essa reforma deveria igualmente elaborar os mecanismos para fortalecer os programas do partidos, abrindo espaço para uma participação mais importante e determinante da sociedade na vida política. Neste sentido, a multiplicidade de mecanismos de controle de políticas públicas pela sociedade, de instrumentos como o « recall » de eleitos, e as consultas populares tornam-se pertinentes.

A crise profunda que atravessa o mundo hoje não diz respeito somente à economia. Os modelos políticos democráticos são, eles também, confrontados pelo desafio da mudança.

O Partido dos Trabalhadores, que foi a ponta de lança das transformações no brasil nos últimos anos – não se opõe à necessidade de mudança. Nascido há 33 anos das lutas sociais, e comprometido com todos aqueles que viviam à margem da política neste país, o partido precisa hoje se renovar e reencontrar esse elan generoso que animou seus primeiros anos de vida.

(*) Artigo publicado originalmente no jornal Le Monde

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

MPF recomenda à PM do Rio que evite o uso das armas de baixa letalidade nas manifestações



Correio do Brasil - ontem

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro recomendou à Polícia Militar do estado a restrição ao uso de armamentos de baixa letalidade – também chamados de não letais – nas manifestações públicas no estado, especialmente as programadas para este domingo no entorno do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, onde ocorrerá a partida final da Copa das Confederações, entre Brasil e Espanha. Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, o MPF pediu para que seja respeitado “o exercício pacífico de livre manifestação de reunião, pensamento e expressão, instrumentos essenciais para o exercício da democracia”.

Assinada pelos procuradores regionais dos Direitos do Cidadão Jaime Mitropoulos e Alexandre Ribeiro Chaves, a recomendação do MPF é que as armas de baixa letalidade, como bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha, seja utilizadas somente nos casos comprovadamente necessários para resguardar a integridade física de policiais, de outros agentes públicos e de terceiros. Os procuradores admitem também o uso dessas armas em situações extremas, em que o uso da força seja comprovadamente o único meio possível de conter ações violentas.

Os procuradores pedem ainda que os armamentos de baixa letalidade não devem ser utilizados, em hipótese alguma, contra crianças, adolescentes, gestantes, pessoas com deficiência e idosos, conforme resolução do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. O documento também lembra que deve ser garantido o livre exercício do trabalho para repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e outros profissionais de comunicação durante as manifestações.

Caso a recomendação não seja cumprida, o MPF poderá adotar as medidas judiciais cabíveis. O documento foi encaminhado aos secretários nacional e estadual de Segurança Pública, ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

O procurador Alexandre Ribeiro Chaves ressaltou que o uso de armas de baixa letalidade deve atender aos parâmetros técnicos do Exército e esses artefatos não devem ter sido objeto de algo inovador.

– Nós tivemos notícia, esta semana, de que a Polícia Militar do Rio adquiriu bombas de gás lacrimogêneo em concentração superior à permitida pelas normas do Exército, e isso de certa forma ampliou a abrangência da nossa recomendação. As armas que não tenham sido ainda objeto de testes não devem ser utilizadas – disse o procurador do MPF.

De acordo com notícias veiculadas pela imprensa, a PM fluminense adquiriu, em caráter emergencial, por absoluta falta de estoque no fornecedor do produto, 2 mil bombas de gás lacrimogêneo produzidas para serem exportadas para Angola e fora das especificações brasileiras. Essas bombas têm o dobro da concentração máxima de gás lacrimogêneo permitida pelas normas do Exército, que é 10%.

Procurada pela Agência Brasil para se posicionar sobre a recomendação do MPF, a Polícia Militar do Rio informou “que planeja suas ações com base em estudos de casos anteriores e, dentre as novas medidas, destaca-se a que recomenda aos policiais evitar o uso de munição de borracha, a não ser em casos extremos”. A nota ressalta que “os protocolos de uso progressivo da força utilizados pela PM são usados por forças de segurança de todo o mundo”.

A PM finaliza a nota assegurando que “respeita o direito democrático de expressão e não reprime manifestações pacíficas” e que “o trabalho dos policiais é preservar os valores inerentes a qualquer pacto democrático: direito de ir e vir, direito à propriedade, integridade física e o patrimônio público”.

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PORQUE O EQUADOR SERIA O REFÚGIO IDEAL PARA EDWARD SNOWDEN




Será ótimo se Edward Snowden conseguir chegar ao Equador, tanto para ele quanto para o mundo. O governo equatoriano, incluindo o presidente Rafael Correa e o ministro Ricardo Patiño, provou sua firmeza ao enfrentar as ameaças e abusos ocorridos ano passado quando garantiu asilo a Julian Assange, fundador do WikiLeaks.

Na ocasião, a mídia se aproveitou do fato de que a maior parte do mundo conhece muito pouco sobre o Equador para desinformar sua audiência, dizendo que aquele governo “reprime a mídia”. E já estão tentando fazer a mesma coisas no caso de Snowden. Sem necessariamente defender tudo o que existe no Equador (como as leis de difamação e a linguagem vaga da nova lei de comunicações), qualquer um que tenha ido ao país sabe que a mídia internacional apresentou uma caricatura grosseira do estado da liberdade de imprena de lá. A mídia privada equatoriana é mais oposicionista que a dos EUA, detona o governo todos os dias.

Infelizmente, grupos como o Americas Watch (do Human Rights Watch) e o Comitê de Proteção aos Jornalistas, que fazem um bom trabalho em alguns países, se juntaram a campanha de Washington contra o Equador, publicando exageros grosseiros. Esses grupos deveriam estar um pouco mais preocupados sobre o “efeito coercitivo” que a acusação a um denunciante, sem precedentes no governo Obama, teria sobre o jornalismo investigativo nos EUA.

Não há ironia alguma no fato de que Snowden peça ajuda logo ao Equador, ou até mesmo à Russia ou à China, para escapar de uma perseguição política. Algum jornalista ou advogado dos direitos humanos criticou os milhares de refugiados salvadorenhos que escaparam dos assassinatos e da repressão patrocinada pelos EUA no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 fugindo justamente para os Estados Unidos, “o maior provedor mundial de violência”, como um dia disse Martin Luther King?

Refugiados políticos não escolhem seus países anfitriões de acordo com a política governamental deles. A grande ironia neste caso é que o Equador é arrastado na lama por considerar asilo a um denunciador que está sendo processado sob a Lei de Espionagem e que provavelmente não terá direito a um julgamento justo nos EUA porque a mídia de lá já o condenou.

É quase certo que Washington retaliará o Equador se este conceder asilo a Snowden. Em adição às sanções comerciais, poderá haver ações secretas. Em 2010 houve uma tentativa de golpe contra Correa, e mesmo que não haja evidências diretas do envolvimento norte-americano, a polícia que conduziu a revolta tinha um longo relacionamento com oficiais dos EUA, incluindo apoio monetário. Muitos no governo equatoriano acreditam que Washington estava envolvida, e se não estivesse, esta seria a primeira tentativa de golpe nos últimos 60 anos contra um governo latino-americano de esquerda onde Washington não se envolveu.

A administração Obama conduziu uma campanha midiática muito bem sucedida para ressignificar o caso de Snowden dentro de termos da Guerra Fria, e muitos na mídia seguem o mesmo rumo, retratando um Equador com vontade de “enfiar o dedo no olho de Washington”. Correa deve estar fazendo isso para ter algum ganho político, eles dizem. Este é exatamente o mesmo cardápio que foi servido quando o Equador garantiu asilo a Assange, onde uma visão primitiva proclamava que estes “anti-americanos” encrenqueiros do sul deveriam ter um novo “chefão” para substituir a figura de Hugo Chávez.

Mas qualquer um dos novos governos de centro-esquerda da América do Sul teria dado asilo a Assange. O ex-presidente Lula foi um de seus primeiros (antes de Correa) e mais fortes defensores, e o Brasil provavelmente aprovaria um pedido de asilo de Snowden também. Snowden, como Assange, teme, com razão, sofrer perseguição política – especialmente após ter sido acusado de espionagem, um crime que ele claramente não cometeu. Então, dentro da lei internacional e de princípios de soberania – incluindo o princípio de autodeterminação – nenhum destes governos participariam no que o WikiLeaks tem chamado, corretamente, de “entrega de bandeja” de Snowden aos EUA.

Se ultimamente Washington tem sido forçado a respeitar a lei internacional neste caso, será porque muitos países, principalmente na América do Sul, não mais temem a retaliação norte-americana. Desde que Snowden realizou um gigantesco serviço público ao revelar os mal-feitos do governo, este é um exemplo de como os cidadãos norte-americanos – ao contrário do que nossa mídia nos diz todos os dias – se beneficiam do desenvolvimento de um mundo multipolar.

Mark Weisbrot é co-diretor, junto com Dean Baker, do Center for Economic and Policy Research, em Washington.

Tradução de Roberto Brilhante para a agência brasileira de notícias Carta Maior.

CANAL INTEROCEÂNICO PELA NICARÁGUA, UM NEGÓCIO VANTAJOSO?




Manágua (Prensa Latina) Nicarágua pode ser convertida em torno de poucos anos em um novo centro de transporte e logística internacional, se der frutos o megaprojeto de canal interoceânico através deste país com posição geográfica privilegiada.

A América Central está no meio dos fluxos do comércio norte-sul e leste-oeste; então, "achamos que é o lugar ideal" para outro enlace entre os oceanos Atlântico e Pacífico, assegurou aqui o empresário chinês Wang Jing, à frente da companhia concessionária.

Segundo cálculos internacionais, no período 2011-2025 o comércio marítimo global crescerá no meio de 40 por cento e um passo por este território, para grandes navios de ônus, contribuiria substanciais poupanças em dias de navegação e custos financeiros.

Hong Kong Nicaragua Canal Development Investment Co. (HKND Group) -com sede naquela cidade da República Popular Chinesa e escritórios em Manágua-, observa de maneira otimista sua participação no negócio, referiu o presidente e diretor executivo da assinatura, Wang Jing.

"As tendências no comércio mundial e do transporte marítimo indicam que há demanda por um novo canal. Nossa intenção é construir um projeto de estatura mundial, desenvolvido de acordo com as melhores práticas internacionais", declarou a empresa.

O acordo marco sobre a concessão foi subscrito nesta capital a 14 de junho pelo presidente da República, Daniel Ortega, e o diretor à frente do consórcio.

Duas legislações aprovadas pelo Parlamento nicaraguense amparam o pacto, uma primeira de caráter geral em julho de 2012 e a segunda, de 13 junho de 2013, com o título de Lei Especial para a Infraestrutura e Transporte Nicaraguense concernente ao Canal, Zona de Livre Comércio e Infraestrutura Associada.

HKND Group recebeu os direitos exclusivos sobre planejamento, desenho, construção, funcionamento e gerenciamento do canal e outros investimentos potenciais, entre elas portos, ferrovia, zonas francas em ambos litorais, aeroportos e oleoduto com trajeto Caribe-Pacífico.

A julgamento de Wang Jing, é o início de um longo caminho para conseguir uma infraestrutura "de alcance mundial que gere oportunidades econômicas, sirva à comunidade do comércio mundial e também proteja o meio ambiente, o patrimônio e a cultura de Nicarágua".

Especialistas e companhias de primeiro nível foram contratados para apoiar os estudos sobre factibilidade meio ambiental, social, financeira e econômica e tecnológica, confirmaram durante a rubrica do acordo.

Uma consultora global, especializada em análise sobre sustentabilidade -a britânica Environmental Resources Management- valorizará de maneira independente o impacto meio ambiental e social a fim de determinar a melhor rota para o canal, cuja execução demoraria de cinco a 10 anos, assinalou Ronald MacLean-Abaroa, porta-voz do HKND Group.

China Railway Construction Corp. levará a cabo a avaliação de viabilidade inicial de acordo com regulares internacionais, técnicos, enquanto a firma estadunidense McKinsey & Company proporcionará investigação e análise do projeto, ilustraram no diálogo com Ortega, na Casa dos Povos.

Construir pela América Central um segundo canal, substancialmente maior que o de Panamá ampliado, possui para HKND vantajosos fundamentos.

À altura de 2030, exemplificou, o volume das transações comerciais acessíveis através do canal por este país terá aumentado 240 por cento em relação às cifras atuais.

O valor total dos bens transportados pelos passos interoceânicos da Nicarágua e Panamá poderia superar os 1,4 trilhão de dólares, estimou a entidade.

De acordo com a análise, o constante crescimento do comércio indica uma possível saturação no Canal de Panamá dentro de 10 ou 15 anos, o que sugere também a necessidade de uma rota complementar.

A respeito das prováveis poupanças, HKND adverte que para ir da cidade chinesa de Shanghai a Baltimore, nos Estados Unidos, a futura rota encurtaria quatro mil quilômetros de distância se se compara com a existente pelo Canal de Suez, e 7.500 quilômetros no caso do Cabo de Boa Esperança, na África do Sul.

Tomando em conta os preços atuais do combustível, para um navio porta-contêineres de tamanho médio, isto representaria uma poupança em viagem -ida e volta- de um milhão de dólares, agregou a fonte.

Estimativas preliminares assinalam que o passo interoceânico terá capacidade para captar o tráfico de 450 a 500 milhões de toneladas métricas anuais e receber embarcações de até 250 mil toneladas, com mais de 400 metros de longitude, 59 de largura e 22 de calado.

O secretário para Políticas Públicas da administração de Ortega, o doutor Paul Oquist, indicou que o canal permitiria a Nicarágua praticamente dobrar seu Produto Interno Bruto (PIB) de agora a 2018 e triplicar o emprego formal.

Em diálogo com deputados, confirmou que ainda está por se definir a rota definitiva do canal, cujos estudos de factibilidade durarão mais de um ano.

Sem o canal, a curva de crescimento do PIB nacional estará no meio dos quatro pontos percentuais durante os próximos anos, com 4,5 em 2014; 4,7 em 2015 e 4,9 em 2016, a partir de informações do Banco Central.

Com o início dos trabalhos investigativos e a execução de obras associadas à via transoceânica, no próximo ano o PIB poderá registrar uma alta de 10,8 por cento até localizar-se em 2016 em um aumento do 12,6 para depois estabilizar à altura de 2018 em 9,5 a 10 por cento de crescimento, detalhou Oquist.

SOBERANIA DEFENDIDA 

Nicarágua deu em concessão a construção e as futuras operações do canal; não está privatizando seu território; ademais, o Estado participa como sócio e a participação irá em ascensão conforme passe o tempo, aclarou o secretário para Políticas Públicas.

Concluídos os estudos de factibilidad, nenhuma obra poderá ser executado até receber a aprovação da comissão governamental estabelecida ao efeito pela lei que promulgó o Parlamento o 13 de junho, comentou o servidor público.

Ademais, entregar a concessão por 100 anos à empresa chinesa HKND não apresenta nenhuma dificuldade, pois quando se cumpram 50, o país será o proprietário do 51 por cento das ações, assinalou o vicecanciller Manuel Coronel Kautz, à frente da Autoridade do Grande Canal.

Para o doutor Francisco Mayorga, representante de Nicarágua ante o Banco Interamericano de Desenvolvimento, desde a assinatura da Independência em 1821, esta nação jamais contou com outro documento de tanta transcendência como o subscrito agora para a construção do canal.

O estudioso recordou que a conexão entre os oceanos Pacífico e Atlântico constitui um sonho de velha data, que a inícios do século XX foi torpedeado por interesses extraterritoriais.

O tratado Chamarro-Bryan, estabelecido em 1914, representou a assinatura de uma hipoteca do território nacional a favor do governo dos Estados Unidos, para impedir a execução aqui de um canal semelhante ao do Panamá, argumentou.

Mediante o poderio militar e econômico, obrigaram a Nicarágua a dizer: "eu não vou fazer canal ao menos que o faça com Estados Unidos"; isto é, a potência que acabava de fazer a infraestrutura pelo istmo panamenho, recordou.

Naqueles tempos, a obra tinha tanto valor comercial como militar, reforçou o professor, mas com o atual aperfeiçoamento do armamento mundial, só possui importância estritamente comercial e econômica, avaliou.

Dentro da história nacional, nunca houve outro episódio que, como resultado da decisão de governo, marcasse um futuro diferente para a prosperidade e o desenvolvimento, como sucedeu mediante a assinatura do acordo com HKND, considerou.

A via interoceânico representará a transformação total do perfil da economia nicaraguense, sustentada até o momento pelo setor agroindustrial, pois dinamizará todos os ramos, entre elas construção, transporte, turismo, moradia e comércio, apreciou.

A partir de 2007, sob a administração de Ortega, as exportações começaram a crescer a razão de 20 por cento anual e passaram de menos de trilhão a quase três trilhões de dólares em 2012, sem contar os rendimentos adicionais pela atividade produtiva em zonas francas, expôs Mayorga.

No entanto, resulta imprescindível conferir maior celeridade ao crescimento do PIB, a fim de contrarrestar a miséria, quando ainda hoje este território classifica como o segundo mais empobrecido do hemisfério ocidental, depois do Haiti, sustentou Ortega.

Ao dizer do mandatário, o povo nicaraguense conseguiu conquistar espaços históricos para lutar pela soberania; mas para que se volte tangível e não seja simplesmente um elemento de valor, resultam fundamentais promover também fatores econômicos, sociais e produtivos.

Mais emprego, educação, saúde, bem-estar para as famílias, só assim se atingirá a total e a definitiva independência, sublinhou o estadista.

Há vários conceitos claros aos olhos dos especialistas: a rota comercial concebida aqui constitui uma necessidade para o mundo, é bom negócio e sua execução resulta viável econômica e financeiramente, opinou Mayorga.

*Chefa da corresponsabilidade da Prensa Latina na Nicarágua.

arb/mjm/cc