Pedro d'Anunciação – Sol, opinião
Álvaro Santos Pereira, pouco antes de ser demitido de super-ministro da Economia sem explicações nem atenções (deixou outra manifestação de desagrado, ao não comparecer na posse do Governo remodelado, onde apareceram os seus sucessores), chumbou o negócio dos submarinos, por evidente e contrária aos contratos falta de cumprimento das contrapartidas.
Já se sabia há muito que as contrapartidas não tinham sido cumpridas, e que portanto o negócio deveria ser rejeitado. Como se sabia que a empresa alemã vendedora dos submarinos andou por cá a corromper altos responsáveis: porque, por suprema ironia da nossa Justiça e dos nossos responsáveis políticos, embora nenhum corrupto deste caso tivesse sido condenado cá, já o foram corruptores na Alemanha.
De modo que a escolha do momento para a decisão pode revelar muito do carácter do ex-ministro Álvaro. Mas lá que entalou o governo remodelado, lá isso entalou. Agora veremos o que fazem o ministro da Defesa (que já veio dizer pensar que secundaria o chumbo do negócio), mais o novo ministro da Economia (Pires de Lima, do CDS e amigo de Portas, o responsável pelo fatídico negócio), ou o próprio vice-primeiro-ministro (que era da Defesa, quando fez o famigerado negócio, que ainda por cima tanto sobrecarregou os contribuintes portugueses agora chamados a todos os sacrifícios, e é agora o responsável do Governo por toda a área económica). Mas nem me admiraria que o próprio Portas, com ar grave e solene, viesse também concordar com o chumbo. Pior seria não o fazer.
E o milhão “mistério” em vários depósitos do CDS? – opinião PG
Paulo Portas e o Caso dos Submarinos tem sido uma novela inacabada que nem mesmo depois de tanto tempo pende para ser solucionada pela justiça portuguesa. Como quase sempre acontece tudo fica “em águas de bacalhau”, execrávelmente impune. O mesmo é dizer que a culpa morre solteira e que apesar da opacidade dos casos os eventuais criminosos corruptos são promovidos nos moldes das práticas mafiosas e até podem ser promovidos a PMs ou próximos. Há um milhão de luvas que andou à solta, segundo correu na comunicação social. Por coincidência tempos depois o CDS fez em poucos dias depósitos parciais, em vários bancos, que somaram pouco mais de um milhão. Pode ser o "tal" milhão e pode não ser? Um milhão “mistério” que foi justificado como sendo donativos de várias pessoas e entidades ao CDS. Aparentemente a justiça disse estar a investigar… Foi há um ano. Ainda continua a investigar? Não há crime? Não é o milhão de luvas que correu em manchetes dos jornais? Quem foram os bondosos abastados que doaram ao CDS aquele milhão? Os portugueses não têm de saber as razões de tanta opacidade por parte dos que afirmaram estar a investigar? Portugal tem de continuar a ser o esgoto impune por onde escorrem os dejectos nauseabundos e criminosos de personagens da elite política e outras instaladas nos poderes, incluindo na justiça? Sim, porque a voz popular já nem sussurra mas diz bem alto que corruptos são quase todos os das elites - e isso também é mau para a democracia. Sobre a justiça e outros basta ver as opiniões em sondagens onde o descrédito está bem expresso. (Redação PG – CT)
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