Pedro Rainho – Jornal i
Marcelo Rebelo de Sousa acusou o ministro das Finanças de “falta de sentido de Estado” ao criticar um memorando de entendimento e diz que o primeiro-ministro deve começar a pensar em “prescindir” de Gaspar
O social-democrata aponta Outubro como o fim da linha para o ministro das Finanças no governo. Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se ontem bastante crítico da posição do ministro das Finanças, quando na semana passada Vítor Gaspar veio defender que o PS “negociou mal” as metas do documento para Portugal. “É ao fim de dois anos que ele descobre [que o memorando não serve]?”, questionou Rebelo de Sousa.
As palavras do responsável das Finanças levaram o ex-presidente do PSD a falar em “falta de sentido de Estado” e “oportunismo” de alguém que “começa a ser uma menos-valia” para o governo. Daí que “depois das autárquicas”, Passos Coelho deva “começar a prescindir de um homem” que tem acumulado “discursos de tal forma desastrosos” que não trazem benefício ao executivo. “Se eu fosse primeiro-ministro, ele tinha os dias contados, mas eu não sou primeiro-ministro”, conclui Marcelo.
Palavra mágica
Marcelo questionou ainda a postura do governo, que agora “percebeu” que as políticas seguidas eram “austeridade a mais” e passou a falar no “momento do investimento. “Não basta” falar em investimento para que a economia recupere, diz Rebelo de Sousa, que sublinha a necessidade de o governo apresentar “medidas” concretas de promoção de emprego e, novamente sobre o ministro das Finanças, questiona a dupla personalidade de Gaspar. “Ver Vítor Gaspar falar de investimento é o mesmo que ver este pai [autoritário] falar de ir para a discoteca”, diz o social-democrata.
Mortinho por chegar ao governo
Sobre o encontro das esquerdas, promovido por Mário Soares na última quinta-feira, na Aula Magna, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa refere que o ex-presidente da República “criou um problema” ao líder do PS ao tentar conciliar as várias forças de esquerda na pressão a Cavaco Silva para derrubar o governo.
Soares “tem uma grande visão, tem faro”, reconhece Marcelo. Mas, ao mesmo, o socialista deixou uma pedra no sapato do secretário-geral do PS, porque “o frentismo de várias esquerdas é exactamente o que não quer Seguro, que quer chegar à maioria absoluta sozinho”. Marcelo disse mesmo que “Seguro quer é fazer de morto, ganhar tempo, fazer intervenções pontuais e depois propor um governo de maioria sem levar à boleia o PCP e o BE”.
No comments:
Post a Comment