Após o golpe de Estado na Guiné-Bissau em abril de 2012, o Brasil decidiu interromper os convénios educacionais com o país. Os jovens guineenses têm, assim, de adiar o sonho de estudar em universidades brasileiras.
Estão abertas as inscrições para o Programa de Estudantes-Convénio de Graduação (PEC-G), que oferece vagas em universidades brasileiras a estudantes de países em desenvolvimento.
Nos últimos 13 anos, chegaram ao Brasil através do PEC-G seis mil jovens vindos de África. Nesse período, Cabo Verde foi o país que enviou mais estudantes, num total de 2.657, seguido pela Guiné-Bissau, com 1336.
Porém, após o golpe militar sofrido pela Guiné-Bissau, no ano passado, o Brasil decidiu interromper os convénios educacionais com o país africano. “O Brasil não reconhece o atual governo da Guiné-Bissau. E essa medida de não aceitar estudantes de lá, não é para punir o país, mas para tentar fazer com que a ordem democrática e constitucional volte”, explica a embaixadora Carmen Ribeiro Moura, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Para o guineense Fristtram Helder Fernandes, que tem 24 anos e estuda Ciências da Computação na Universidade Federal de Santa Catarina, no sul do Brasil, a interrupção do convénio é uma grande perda para Guiné-Bissau. “ É muito preocupante, são mais pessoas ficando lá sem uma oportunidade de estudar. É uma desvantagem para o meu país e, de certa forma, para o meu continente”, lamenta o estudante.
Bolsas do Governo brasileiro
Para participar no PEC-G é preciso ter entre 18 e 25 anos, ter bom histórico escolar e ensino médio concluído. Embora seja exigido que o estudante tenha condições de se manter no Brasil sem trabalhar, é comum os jovens vindos de países pobres conseguirem um auxílio do governo brasileiro no valor de 622 reais (cerca de 300 dólares) através da bolsa “Promisaes”.
Mesmo com o auxílio, o custo de vida é alto, de acordo com o guineense Fristtram, que vive em Florianópolis, capital de Santa Catarina, desde 2009. “Para um estudante conseguir pagar o aluguer com o dinheiro dos pais ou da bolsa é preciso morar num lugar humilde, economizar bastante para poder comer e comprar livros para estudar”, avisa o jovem.
Experiência no Brasil com nota positiva
Ex-aluno do PEC-G pelo curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina, o atual ministro da Educação de Moçambique, Augusto Jone Luís, esteve na instituição na última sexta-feira para relatar aos estudantes africanos sua experiência no Brasil e a cooperação educacional entre os dois países.
Segundo o governante, quando retornam ao país, os moçambicanos não encontram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.“A nossa comissão de equivalência e certificação reconhece os diplomas, é um acordo que existe entre Moçambique e Brasil. Felizmente, todos que fizeram a formação no Brasil tem excelentes enquadramentos e estão a dar sua contribuição ao país”.
Para a cabo-verdiana Janice Raquel Fernandes, de 22 anos, estudante de Administração, a experiência no Brasil vai além da capacitação profissional.“A gente conhece pessoas não só do Brasil, mas de todas as partes do mundo. Tive contato com muitos africanos, eu não tinha essa identidade africana, então, acho que isso aproximou bastante”.
Os interessados em estudar no Brasil, em 2014, devem inscrever-se nas embaixadas brasileiras até 28 de junho. Os cursos com maior número de vagas oferecidas são Ciências Biológicas, Comunicação Social, Administração e Pedagogia. Mais informações sobre o programa podem ser encontradas na página web: mec.gov.br
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