A Semana (cv)
O representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, diz que a situação humanitária no país poderá agravar-se este ano por causa da pouca produção e colheita do caju. No contraponto, a situação política poderá conhecer melhores dias no início desta semana, com a formação de um Governo aceite por todos.
“A produção e colheita de caju ficaram aquém das expectativas este ano. Os preços baixaram bastante, o que significa que dezenas de milhares de famílias que dependiam do caju hoje não têm dinheiro para comprar um saco de arroz, por exemplo. A situação pode agravar-se no plano humanitário”, teme Ramos-Horta, que falava esta sexta-feira à imprensa, à margem da conferência sobre os “Desafios Africanos”, organizada pela Presidência da República de Cabo Verde para comemorar os 50 anos da União Africana.
O representante do Secretário Geral da ONU considera que há um verdadeiro esforço dos líderes políticos do país no sentido de ultrapassar a caótica situação política, pelo recomenda muita paciência da comunidade internacional. “É uma sociedade muito complexa em que a história pesa muito no comportamento e atitudes das pessoas. Por isso, é preciso muita paciência, dar tempo para que os líderes políticos se entendam e encontrem o caminho da paz”, prossegue Ramos Horta, defendendo que, não obstante as leis internacionais, a solução para os conflitos deve passar pela vontade dos líderes locais, da sociedade e do país.
Pouco mais de um ano após o golpe de Estado, o ex-Presidente da República de Timor Leste acha que tanto os militares e políticos quanto o povo estão cansados, exaustos por causa da crise. Por isso está confiante numa rápida normalização da vida política guineense, reafirmando que esta é a última oportunidade para a Guiné-Bissau, uma vez que a comunidade internacional também está cansada e tem que gerir outros conflitos no meio de uma crise mundial que ataca a todos. Contudo, deixa um aviso: "qualquer intervenção deve ser feita com prudência, para não ferir sensibilidades".
Quanto ao alegado mal-estar entre Praia e Bissau, Ramos Horta diz que essas guerras existem apenas nos blogues. Entretanto, insta Cabo Verde e os outros países da CPLP a arranjar uma forma de ajudar a Guiné Bissau, que enfrenta muitas dificuldades na área da saúde, educação e segurança alimentar.
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