JSD – VM - Lusa
Cidade da Praia, 30 mai (Lusa) - O candidato único à liderança do maior partido da oposição cabo-verdiana, que hoje oficializa a decisão, defendeu que Cabo Verde necessita de "uma boa governação e baseada na verdade".
Numa entrevista à agência Lusa, Ulisses Correia e Silva, que sucederá a Carlos Veiga após as eleições diretas do Movimento para a Democracia (MpD), marcadas para 16 de junho, criticou os 13 anos de governos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), indicando que o arquipélago podia estar "bem melhor".
Recordando os "sucessivos alertas" que o MpD tem feito desde que Cabo Verde subiu a País de Rendimento Médio (PRM), em 2007, o também vice-presidente do partido e ainda presidente da Câmara Municipal da Cidade da Praia realçou que os pressupostos inerentes à ascensão económica do país eram "desafiantes".
Desde então, frisou, Cabo Verde teve um período de transição, que deveria ter sido aproveitado para que o arquipélago "deixasse de viver das rendas", como transferências externas, donativos, empréstimos concessionais e remessas de emigrantes.
"É algo que não produzimos e recebemos. O que acontece é que os donativos estão a diminuir, os empréstimos concessionais também, vamos ter cada vez maior dificuldade de financiamento da economia e o país não está preparado. Esse é o reflexo dos resultados da governação, que se medem", sustentou.
"Independentemente da crise, os desafios vão continuar. Cabo Verde é um país onde o crescimento está anémico, em franca recessão económica e onde o desemprego é muito elevado, atingindo em especial os jovens", reforçou, admitindo, porém, que houve coisas positivas, mas que não escondem o "bloqueio" a que o país chegou.
Treze anos depois, Cabo Verde está bloqueado pelo "fraco" crescimento, pela "elevada" dívida externa, pelos "excessivos" défices orçamental e da conta corrente e sujeito a um programa de ajustamento "muito forte", "perdendo-se" credibilidade internacional, que se junta "às cada vez maiores dificuldades" de financiamento externo.
"Cabo Verde precisa de uma governação, de uma atividade política baseada na verdade. Falta verdade e responsabilidade. Há ainda uma certa forma de fazer política, em que ainda se continua a empacotar muita coisa, criando expetativas falsas, não mobilizando a sociedade para se responsabilizar pelo seu próprio futuro.
"Um país que cresce pouco é um país com problemas. Nas condições de Cabo Verde, não interessa termos um crescimento económico de 2% ou 3%. Para termos efeito sobre o emprego e sobre a redução de pobreza precisamos de crescer a taxas de 6% a 8%. Estamos a crescer, em média, 2% e em recessão económica", sustentou.
Nesse sentido, disse que irá impor, se vencer as legislativas de 2016, políticas efetivas de dinamização do tecido empresarial, de fomento empresarial, do empreendedorismo, atividades geradoras de emprego.
"Precisamos de todo um ambiente económico, de reduzir custos de contextos, de instituições mais credíveis para lançar a atividade económica. Esta é a base do problema que temos: desemprego e um nível de pobreza ainda relativamente elevado", concluiu.
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