FP – APN - Lusa
Bissau, 28 mai (Lusa) - O governo de transição da Guiné-Bissau anunciou hoje que fixou em 210 francos CFA (0,32 cêntimos) o preço mínimo para o quilo de caju, o principal produto de exportação do país.
Na presente época do caju, que já começou há cerca de dois meses, o governo não fixou um preço de referência, ao contrário do que tem sido prática noutros anos, alegando que seria o mercado a definir um preço.
O anúncio foi feito numa conferência de imprensa dos ministros das Finanças, Abubacar Demba Dahaba, e do Comércio e Indústria, Abubacar Baldé, depois de dois dias de intensas reuniões com agricultores, intermediários, empresários e setor bancário.
Na semana passada os agricultores disseram que a campanha de comercialização de caju deste ano ia "muito mal" e ameaçaram parar a venda.
"O Governo é o principal responsável por este desastre que é a campanha deste ano. Comprar o caju ao preço de 150 francos CFA (22 cêntimos) o quilo nas mãos do agricultor é levar o agricultor à pobreza extrema", disse o presidente da Associação Nacional dos Agricultores, Mamasamba Embaló, acrescentando que o mesmo caju é vendido no Senegal a pelo menos 400 francos.
Depois de reuniões com o setor privado na segunda-feira e hoje com o setor bancário o governo decidiu fixar um preço mínimo e fixar também em 10 francos por quilo a taxa que é paga para o fundo do caju (em vez de 50 francos).
Abubacar Demba Dahaba disse que no interior do país se estava a praticar preços de compra entre os 75 e os 150 francos e que a taxa do caju também estava a "bloquear a exportação".
"Com isto pensamos desbloquear a exportação da castanha de caju", disse o ministro, acrescentando que também com o setor bancário se chegou a um acordo para que a banca financie os empresários, até agora descapitalizados.
O dinheiro recolhido com a taxa sobre o caju noutros anos (criada em 2011 e denominada Fundo de Promoção de Pequenas e Médias Indústrias de Transformação) ronda os cinco mil milhões de francos (7,6 milhões de euros) e servirá como "fundo de garantia para os operadores poderem pedir dinheiro aos bancos", explicou o ministro das Finanças.
"Os bancos estão disponíveis para emprestar dinheiro", disse o ministro, segundo o qual "não é tarde" para que as medidas possam surtir efeito e a campanha do caju deste ano ainda seja um sucesso.
Em 2011 a Guiné-Bissau exportou mais de 170 mil toneladas de caju, que renderam cerca de 156 milhões de euros. No ano passado, devido ao golpe de Estado mas também a menor produção, a exportação baixou.
Na Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo, um bom ano de colheita de caju é fundamental para a economia do país, que assenta essencialmente no produto. Cerca de 85 por cento das pessoas nas zonas rurais são pequenos produtores de caju.
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