Apelos à unidade e críticas à marginalização sindical marcam discursos em Cabo Verde
01 de Maio de 2013, 18:15
Cidade da Praia, 01 mai (Lusa) - As duas centrais sindicais de Cabo Verde, de costas viradas uma para a outra, marcaram hoje os discursos do Dia do Trabalhador com apelos à unidade dos trabalhadores e críticas à marginalização de uma delas por parte do Governo.
O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos (UNTC-CS), Júlio Ascensão Silva, considerou "difícil" a situação sócio-laboral no país e apelou à necessidade de "um forte sentido de unidade e solidariedade" face aos vários aumentos de custos sem a correspondente subida dos salários, congelados há três anos.
"Há três anos que o Governo não aumenta os salariais, criando sérios problemas ao trabalhador, a braços com uma penosa perda do poder de compra", disse o responsável da UNTC-CS, lamentando que as duas centrais sindicais estejam de costas viradas - "relações nada amigáveis" -, impossibilitando um combate conjunto pela reposição do poder de compra.
Ascensão Silva disse, porém, estar aberto para manter relações com a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), desde que a central peça publicamente desculpa à UNTC-CS, após as declarações "pouco simpáticas" proferidas recentemente pelo secretário-geral da central sindical, José Manuel Vaz.
José Manuel Vaz, por seu lado, numa mensagem alusiva ao Dia do Trabalhador, não tocou no assunto, optando por lamentar a discriminação e marginalização sindicais "cada vez mais frequentes", sublinhando que alguns ministérios chamam para negociações sindicatos filiados na UNTC-CS, pondo de lado os filiados na CCSL.
José Manuel Vaz acusou o Governo de privilegiar a UNTC-CS nas conferências anuais da Organização Mundial do Trabalho (OIT), afirmando que o executivo tem "dois pesos e duas medidas" para designar os representantes dos empregadores e dos trabalhadores nas conferências da OIT.
Para pôr termo à situação, o presidente da CCSL promete utilizar "todos os mecanismos legais" para denunciar a situação e levar o Governo a respeitar as boas práticas dos direitos humanos e sindicais em Cabo Verde, admitindo ainda a realização de uma jornada de luta nesse sentido.
Criticando a subida do desemprego (de 12,2% em 2011 para 16,8% em 2012), José Manuel Vaz alertou para a possibilidade de a taxa ser agravada com a redução do poder de compra das famílias, que durante o corrente ano pode atingir os 2,5%, e a perda do poder de compra dos trabalhadores, cuja previsão da CCSL indica 15,6%.
José Manuel Vaz acusou também o Governo de não estar a honrar "alguns compromissos" assumidos na Comissão Nacional de Concertação Social, como o pagamento das das promoções, progressos, requalificações, subsídios por não redução da carga horária e horas extraordinárias pendentes e a devolução do Imposto Único sobre Rendimento (IUR).
"Os trabalhadores cabo-verdianos se quiserem vencer os grandes desafios existentes, a começar pela reposição do poder de compra, têm de estar unidos e solidários, sendo ele de uma ou outra central sindical", afirma", concluiu.
JSD // JPF
Presidente de Cabo Verde pede "união de esforços" contra desemprego
02 de Maio de 2013, 12:29
Cidade da Praia, 02 mai (Lusa) - O Presidente de Cabo Verde manifestou-se "preocupado" com o aumento do desemprego no arquipélago, considerando que se exige uma "forte união de esforços" de todos os agentes da sociedade contra um dos maiores problemas do país.
Numa mensagem divulgada hoje e alusiva ao Dia dos Trabalhadores, celebrado quarta-feira, Jorge Carlos Fonseca pediu ao Governo, patronato, sindicatos e trabalhadores essa conjugação de esforços, para que sejam encontradas soluções rapidamente.
Para Jorge Carlos Fonseca, o Dia do Trabalhador é "oportuno" para refletir sobre os problemas que afetam os trabalhadores, sobretudo numa conjuntura atual de reduzido crescimento da economia e de grandes dificuldades para as empresas e para o Estado, com consequências diretas sobre a população.
O chefe de Estado cabo-verdiano lembrou que, recentemente, Governo, patronato e centrais sindicais chegaram a um consenso sobre várias questões, como a fixação de um salário mínimo e do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários, bem como da gestão tripartida do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Apesar de tais avanços, sublinhou, não se pode ignorar que os trabalhadores vivem uma "situação complexa", que se revela na redução do poder de compra, condicionando "muito" a qualidade de vida.
"Sem que se deixe de reconhecer a crise internacional, e, particularmente, a situação na União Europeia (UE), um dos nossos principais parceiros, que agrava ainda mais as nossas limitações internas, é fundamental que se encontrem as vias que permitam fazer face, o mais rapidamente possível, à taxa de desemprego", salientou.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, divulgados sexta-feira, indicam que a taxa de desemprego, a nível nacional, se situou a 31 de dezembro de 2012 em 16,8%, mais do que os 12,2% registados em 2011.
"Tenho defendido que apenas um crescimento significativo da nossa economia poderá permitir resolver, de modo sustentado, o problema do desemprego. Um tal processo demanda tempo e implicará medidas de política de curto, médio e longo prazo que, no essencial, não poderão ter efeitos imediatos", defendeu Jorge Carlos Fonseca.
"Mas, tendo em conta a circunstância atual, acredito que seria muito positivo se, nos limites das nossas possibilidades, fossem adotadas medidas especificamente direcionadas que contribuíssem para uma atenuação imediata do desemprego", frisou.
JSD // APN
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