Beatriz Gamboa
"Olhem o tanto por fazer e possível de proporcionar algo de melhor aos angolanos com aqueles 100 milhões!" - dizia alguém do meu imaginário. Não é um imaginário fértil mas imaginários férteis e bastante avançados têm as elites angolanas quando admitem que Angola "está no bom caminho, a progredir e a possibilitar uma boa vida aos angolanos".
Imaginam até que que o progresso é constante. Imaginam que não existem angolanos com fome. Com imensas carências. Imaginam que todos têm as suas habitações, os seus empregos, os seus salários para enfrentar os preços elevados de tudo e por tudo. Imaginam até, enfim, que não são corruptos, que não roubam o que pertence a todos os angolanos. Que são elite de uma democracia angolana efetiva e desenvolvida. Imaginam que respeitam os direitos humanos...
Por isso imaginaram que Angola devia ser palco do Mundial de Hóquei em Patins. Isto é que é imaginação fértil. A milhares de quilómetros de distância da realidade. Resalvando quanto ao referido mundial que imaginaram, o compraram para as cidades de Luanda e Namibe. Indiferentes à miséria do país, à fome, às carências na saúde, na educação, à exploração desmedida e forçada de muitos trabalhadores angolanos que querem salvar-se da chaga do desemprego absoluto e se sujeitam a vis exigências semelhantes ou piores do que nos tempos coloniais.
É esta a Angola que o mundo quase não sabe que existe, que não vê mas que pode imaginar comparando a realidade angolana a uma ditadura moderna (às vezes) mascarada com eleições onde até os mortos votam e alguns "camaradas" têm direito a votar duas e três vezes. Isto é que é imaginação fértil! 100 milhões! Basta!
Olhem o Mundial de Hóquei em Patins! Olhem 100 milhões de dólares roubados à fome!
- Cartoon de autor desconhecido
- Cartoon de autor desconhecido
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