Os médicos portugueses que foram trabalhar no Brasil dizem-se satisfeitos com o tratamento recebido na chegada e com a primeira semana de curso e estão ansiosos para iniciar o trabalho nas cidades escolhidas.
"Toda a gente tem sido muito acolhedora, prestável e simpática. Foram-nos buscar ao aeroporto e todos os procedimentos foram feitos por eles, não tivemos de esperar", contou à Lusa a médica portuguesa Kátia Abrantes Miranda, de 61 anos.
Nascida no Congo, de pais portugueses, Kátia já trabalhou em diversos países além de Portugal, incluindo França, Inglaterra e Holanda, o último país onde esteve a morar.
Mesmo com toda a sua experiência, considera que está a aprender coisas novas no curso oferecido pelo Governo brasileiro durante as três primeiras semanas de estada, antes da escolha definitiva de cada profissional para as regiões onde irão passar a atender.
No curso, os médicos aprendem sobre doenças típicas do clima tropical e sobre a forma de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), para o qual irão trabalhar.
"Chamou-me a atenção sobretudo a forma como [o SUS] está bem organizado, com pessoas muito dedicadas, só faltam médicos", observou Kátia.
No seu caso, a opção de aderir ao programa Mais Médicos foi pessoal, para estar mais próxima do filho, casado com uma brasileira, e da neta, de sete anos, que está a viver em São Paulo.
As vagas oferecidas são, no entanto, para os municípios da periferia e interior e Kátia aceitou a opção sem nunca ter estado na cidade, que fica a 90 quilómetros da capital de São Paulo.
Ainda mais aventureiro é Miguel Soutim, médico português reformado, que, aos 70 anos, decidiu retomar o trabalho no Brasil, sem nunca ter estado antes naquele país.
"Em Portugal já me reformei e queria continuar a trabalhar", contou à Lusa, no Rio de Janeiro, onde está a receber o curso antes de ir para Blumenau, cidade do sul do Brasil onde escolheu ficar.
"Só tenho a dizer bem até agora. Nos últimos anos, fomos [Portugal] invadidos por brasileiros, por médicos e por doentes também, agora as coisas viraram ao contrário, mas as relações são boas na mesma", referiu.
Outra portuguesa, Maria Pereira, de 59 anos, também ressaltou a qualidade das aulas que os médicos estão a receber, mas disse saber que as verdadeiras dificuldades só aparecerão quando começarem a trabalhar.
"Os problemas vão surgir com o trabalho certamente, sei que não será nenhum paraíso", afirmou a médica portuguesa que, no entanto, está disposta a "fazer a diferença" para os mais carentes.
"O que me seduziu no programa foi mesmo a possibilidade de atuar em áreas com altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, de saber que posso fazer a diferença", disse entusiasmada.
Os três médicos ouvidos pela Lusa fazem parte da primeira leva de 17 portugueses que chegaram há uma semana ao Brasil para trabalhar no programa Mais Médicos, cuja intenção é atrair médicos estrangeiros para o interior do país.
Na mesma altura vieram outros 27 brasileiros formados em Portugal.
Lusa
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