Wednesday, May 29, 2013

UE – DESEMPREGO JUVENIL: AINDA ESTÁ TUDO POR FAZER

 


El País, Madrid – Presseurop– imagem Cost
 
Seis mil milhões de euros para seis milhões de jovens europeus sem emprego: o plano apresentado pela Alemanha e pela França responde a uma enorme urgência. Mas para que dê trabalho e esperança a uma geração inteira, tem de ser apoiado por uma vontade coletiva.
 
 
Todos os participantes no fórum sobre emprego para os jovens, organizado pelo Instituto Berggruen, em Paris, – desde o Presidente francês, François Hollande, ao [primeiro-ministro] espanhol Mariano Rajoy, passando pelos ex-primeiros-ministros Felipe González e Mario Monti – insistiram em três ideias fundamentais que definem perfeitamente a situação alarmante da economia europeia: o crescimento continua estagnado, a situação do desemprego, em especial entre os jovens, é insustentável e é preciso agir já, sem demora e sem arranjar desculpas.
 
Há mais de seis milhões de jovens sem emprego na Europa e, face a esta realidade profundamente desoladora, que condena à frustração as gerações melhor preparadas da economia europeia, foi proposto um programa, defendido pela França e pela Alemanha, que conta com €6 mil milhões; com esse capital, o Banco Europeu de Investimento poderia caucionar empréstimos até 60 mil milhões, para subsidiar as empresas que se comprometessem a contratar jovens com menos de 25 anos.
 
O desemprego, e sobretudo o desemprego juvenil, desencadeou uma situação de emergência laboral na Europa, tanto por constituir uma ameaça evidente ao crescimento económico do continente, como devido ao elevado risco de vir a destruir a periclitante coesão social da zona euro e da UE. A gravidade dessa emergência é uma das principais razões pelas quais a Comissão Europeia está a atenuar a sua obsessão pela austeridade, como recordou ontem Hollande.
 
Contra o desemprego, a favor do crescimento
 
Não é claro que o apoio financeiro direto à contratação seja a melhor fórmula para favorecer o emprego para os jovens; existem abordagens indiretas (estímulo ao investimento e ao consumo, apoios ao financiamento das empresas) que deveriam completar o programa franco-alemão e, em Paris, foram apresentadas algumas ideias interessantes. Mas, neste momento, o fator decisivo é a urgência. Urgência em travar a destruição de postos de trabalho; e urgência em enviar à sociedade a mensagem de que o desemprego juvenil merece a máxima atenção das autoridades.
 
Perante um problema definido, quase todas as alternativas são melhores do que a inação. Deveria acabar-se com o fatalismo, segundo o qual as restrições inerentes às políticas de austeridade entravam a adoção de medidas contra o desemprego. Pois bem: o pessimismo não tem de ser a única visão possível, nesta fase de recessão, falta de recursos orçamentais e reduzida iniciativa de algumas instituições comunitárias.
 
É precisamente essa a grande virtude do encontro de Paris. Dá-se um primeiro passo, que poderá traduzir-se em novas iniciativas pan-europeias contra o desemprego e a favor do crescimento; cria-se um precedente útil e aponta-se um caminho provável para a solução. Ao mesmo tempo, abre-se a probabilidade, talvez a esperança, de a estagnação laboral europeia poder começar a ser corrigida a curto prazo. Mas é necessário não esquecer o axioma keynesiano de que as oportunidades não geram certezas. Para a iniciativa ter êxito, mesmo que modesto, é imprescindível que as empresas aceitem o desafio e a oportunidade.
 
Contexto
 
Um plano com três pontos
 
“Um plano de resgate da geração perdida”, titula Ta Nea. O diário grego, que lembra que a taxa de desemprego das pessoas com menos de 24 anos é de 58% na Grécia, 55,8% em Espanha e 38,2% em Portugal, congratula-se com o plano apresentado pela Alemanha e pela França.
 
Os dois países, explica Les Echos, lançaram uma “iniciativa europeia para o emprego” que “assenta em três grandes linhas”:
 
Acesso das PME ao crédito […] para criação de mais emprego para os jovens, o desenvolvimento do intercâmbio e o encorajamento da mobilidade, não apenas em território nacional mas em toda a Europa. O objetivo é também desenvolver a aprendizagem como uma das vias para relançar o projeto de um “Erasmus de intercâmbio”, como já existe para os estudantes.
 
Caso contrário, conclui o diário económico citando o economista francês Jacques Attali, presente no colóquio sobre o futuro da Europa consagrado ao problema do desemprego juvenil:
 
Os jovens serão confrontados com três opções: deixar a Europa, ficar na Europa e entrarem na política, ou fazerem uma revolução...
 

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