Balneário Público
Paulo Portas falou. Está falado. A espécie de conferência de imprensa aconteceu quando ainda decorria a reunião extraordinária do Conselho de Ministros. Extraordinário. E, como se percebeu, não foi Passos Coelho que falou. Esse nem estava ali porque estava a presidir ao tal Conselho de Delinquentes (ler entrevista de Mário Soares que já entendem). Mas foi Passos Coelho que anteriormente afirmou que as medidas restritivas a tomar por parte do governo seriam anunciadas por ele… Mais uma mentira. Falou Paulo Portas, e só, unicamente, sobre os cortes nas pensões de sobrevivência. Os cortes da pensão de viuvez. Era a TSU dos reformados, era a linha vermelha que Portas dizia não passar. Mas passou. Usou foi de eufemismos para afastar o termo TSU. Portas, trafulha, usou e abusou de eufemismos. Anunciou que só quem recebe mais de 2 mil euros é que verá cortes no suplemento de viuvez (a tal sobrevivência). E só assim vão arrecadar 100 milhões de euros, como se comprometeram com a troika? Impossível. Portas omitiu muito. Demais. Falta saber o quê? Mais adiante, no tempo, logo saberemos a verdade sobre o que omitiu. Então, com toda a legitimidade, poderemos novamente considerar este vice-primeiro-ministro um grandíssimo aldrabão. Mais um, mais uma vez, naquele bando de “delinquentes” que até merecem “ser julgados” por uma justiça futura, porque a atual faz da justiça o mesmo que manteiga em focinho de cão e desaparece, aquiesce, cede, conluia-se, com os tais e outros delinquentes que passam pelos governos, pelos bancos, pelos lugares onde podem e conseguem (impunemente) roubar em proveito próprio e das máfias a que pertencem. Quase assim, é Mário Soares quem o diz em entrevista saída a público este domingo (vide jornais do dia com extratos). Foi entrevistado para o Diário de Notícias, salvo erro. E assim vai Portugal. Uns quantos vão bem e a maioria vai muito mal. Portas falou. Julgou que enganou, que iludiu os portugueses. Talvez alguns, não todos. Desiluda-se Portas, porque a tal linha vermelha que ele disse nunca ultrapassar… já era, já a ultrapassou. E vai ultrapassá-la muito mais. Mais um aldrabão para a coleção.
Manuel Tiago
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