Saturday, May 18, 2013

Após 125 anos sem escravidão, Brasil ainda tem problemas com preconceito racial




Renato Correia – Voz da Rússia

No ano de 1832, durante a sua famosa viagem que renderia a teoria da evolução, Charles Darwin passou alguns meses no Brasil onde ficou maravilhado com a diversidade vegetal e animal, porém saiu horrorizado pelo país ser escravocrata.

No livro "O Diário do Beagle" ele escreve "No dia 19 de agosto, finalmente, deixamos as praias do Brasil. Agradeço a Deus e espero nunca visitar outra vez um país escravocrata. Até hoje, ouço um grito longínquo, lembro com dolorosa nitidez do que senti quando passei por uma casa perto de Pernambuco". O Brasil viveria por mais meio século até chegar o fim de um periodo que havia durado mais de três séculos de escravidão".

Nesse último dia 13 de maio completaram 125 anos da promulgação da Lei Aurea que estinguia definitivamente a escravidão no Brasil sendo aprovada por 85 votos favoráveis e 9 votos contrários. Através dessa lei o país se tornou o último na América que tinha mão de obra escrava, mas mesmo tendo a liberdade a situação dos mais de um milhão de afrodescendentes continuou sendo problemática, alguns continuaram a trabalhar nas fazendas onde já viviam porém como homens e mulheres livres e a grande maioria seguiram com a esperança de que teriam uma terra somente sua, mas o que se teve foi uma grande exclusão social para esses novos cidadãos brasileiros.

A discriminação racial foi algo que veio acompanhando os afrodescendentes desde o Brasil Colonial e mesmo agora com leis severas contra qualquer tipo de discriminação racial ainda existe o "racismo velado". Recentemente a TV Al-Jazeera apresentou o documentário Open Arms Closed Doors que conta a visão de um imigrante africano, o rapper angolano Badharo, que vive na comunidade da Maré no Rio de Janeiro sobre o preconceito racial e seus efeitos. Nesse documentário se vê que por mais que o Brasil seja formado por pessoas miscigenada o preconceito é algo que ainda demorará a ser extinguido definitivamente.

A contribuição a cultura brasileira dos afrodescendentes foi muito grande na música, dança, literatura, culinaria entre tantas outras. Essas influências se reflete até mesmo no idioma com palavras que somente tem no portugues do Brasil. Segundo o Censo de 2010 os afrodescendentes representa de 51% da população brasileira. Na educação superior 12,8% eram negros e 13,4% pardos, mas para Eloi Ferreira de Araujo que foi presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP) esse número irá mudar por causa da política de cotas: "A construção da igualdade no Brasil está diretamente ligada à educação. Ao aprovar a constitucionalidade das cotas, o STF já deu início a essa longa caminhada, que faz valer a nossa Constituição e o Estatuto da Igualdade Racial em sua plenitude". No mesmo Censo também apresenta um aumento dos afrodescentes na classe média e de pessoas em altos cargos que antes predominavam apenas brancos.

Apesar das melhorias conquistadas nesse um pouco mais de um século de liberdade a população afrodescendentes ainda luta para que haja igualdade e não uma segregação por causa da cor da pele. A nação brasileira é muito conhecida pelo mundo por causa do samba, capoeira e feijoada que são originarios dos afrodescendentes porém hoje isso é do povo brasileiro e não de uma cor de pele. Uma nação que tem como idolos afrodescendentes como no futebol Pelé e Garrincha, nas artes Machado de Assis, Aleijadinho, Pixinguinha, Cartola e tantos outros nomes pode também viver com a certeza de que não é a tonalidade de pele que fará um cidadão ser menos ou mais pois todos são brasileiros, filhos da mesma pátria pela qual se deve orgulhar por ter pessoas que com diversidade, porém o que os une é o fato de ser brasileiro.

Foto: weblog.liberatormagazine.com

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