Wednesday, May 22, 2013

David Borges: Capitais angolanos podem resolver lacunas dos media portugueses




O co-fundador da RDP África David Borges acusou na terça-feira a comunicação social portuguesa de ligar "muito pouco" à realidade africana, uma lacuna "grave" que o aumento de capitais angolanos no mercado nacional pode vir a resolver.

No debate "Media em África -- Contributos para a Democratização da Comunicação", que na terça-feira decorreu em Lisboa, o antigo director e co-fundador da RDP África disse ver com bons olhos a entrada de capitais angolanos no mercado nacional, desde que haja "um grande fundo de honestidade nessas operações". "Não tenho nada contra a Angola estar a comprar em Portugal e Portugal poder comprar em Angola", afirmou.

Isto porque, defendeu o actual comentador da SIC, a entrada desses capitais pode "resolver lacunas muito graves", designadamente o facto de "África rigorosamente não aparecer nos órgãos de comunicação social em Portugal".

"Aparece quando há um problema, quando há uma guerra na Guiné-Bissau, uma cheia em Moçambique, ou quando porventura houver um golpe de Estado em Angola", exemplificou durante o debate, que teve lugar na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. De resto "África não acontece em Portugal, e isto apesar de a Agência Lusa e a RTP e RDP África terem jornalistas em quase todos os países africanos", sustentou David Borges. "Mas o trabalho dessas pessoas é canalizado exclusivamente para os guetos comunicacionais que são a RTP e RDP África", criticou.

Nesse sentido, o jornalista considerou que "os investimentos angolanos trazem a vantagem de colocar notícias africanas na comunicação social portuguesa" e ao mesmo tempo "melhoram a realidade dos órgãos de comunicação em Angola". "Depende depois é do grupo empresarial, se defende honestamente ou não a existência de um órgão autónomo e em que os jornalistas têm todo o poder para decidir os seus conteúdos", ressalvou.

Já José Arantes, antigo governante e actual responsável da divisão de Relações Internacionais da RTP, afirmou que o "realmente conta é a forma como a comunicação social se comporta, não a e titularidade de capital".

O responsável da RTP disse ter "suficiente confiança" nas instituições portuguesas "para que, independente da titularidade", os órgãos de comunicação social sigam "sempre princípios de isenção, pluralidade e independência".

Arantes considerou ainda o "interesse estrangeiro" um "factor positivo", que revela que há vontade de investir na comunicação social portuguesa" e se apresenta como "uma oportunidade de recapitalizar alguns órgãos de comunicação".

Outro tema focado no debate foi a importância que as rádios comunitárias têm em vários países lusófonos como a Guiné-Bissau, tendo a jornalista e investigadora Patrícia Mota Paula defendido uma "maior aposta" nesses projectos.

A investigadora sustentou que essas rádios são "meios de comunicação privilegiados", não apenas devido a sua proximidade, como também pelas suas funções que vão "desde a extensão do sistema educativo à difusão das campanhas de saúde pública, da aprendizagem ao desenvolvimento da participação democrática e ao reforço da cidadania".

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