Saturday, May 11, 2013

LÍDER DA UNITA VÊ MUDANÇAS NO GOVERNO ANGOLANO COMO “REFLEXO DA AGITAÇÃO”




TYG – NME - EL - MLL – foto Paulo Novais

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse hoje, em Paris, que as sucessivas remodelações do Governo angolano são "reflexo de uma agitação política ou até mesmo administrativa" que o levam a perguntar-se se o Presidente confiará nos seus colaboradores.

"O direito e o poder de mudar e fazer as remodelações é do executivo, do Presidente da República. Constitucionalmente é ele que pode faze-lo. O que nós podemos dizer é que quando as mudanças são sucessivas e são frequentes parecem não propiciar estabilidade", disse o líder da UNITA à agência Lusa.

Samakuva deu hoje, em Paris, uma conferência sobre o tema "Querem saber a realidade da vida dos angolanos em Angola e a situação política, social e económica do povo de Angola?", no âmbito de uma digressão que está a fazer por diversos países.

Para o líder da UNITA (maior partido da oposição em Angola), a recente remodelação governamental em Angola levanta a dúvida sobre se o Presidente José Eduardo dos Santos terá confiança nos seus colaboradores, “ou se ele sente que já não confia naqueles que trabalham com ele".

As mexidas no Governo passaram pela nomeação do até aqui presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, para a pasta das Finanças.
A presidência do fundo foi assumida interinamente por José Filomeno dos Santos, filho do Presidente angolano.

"Esta mudança, para mim, configura exatamente esta manobra. Portanto, cria-se o fundo soberano onde o filho do senhor Presidente fica na gestão, mas numa posição subalterna a outro que, poucos meses depois, sai para uma pasta também das Finanças, e o outro fica no fundo soberano", disse Isaías Samakuva à Lusa.

"Não é normal. Mas eu não gosto de especular. Prefiro ver e analisar e certamente dentro de pouco tempo veremos o que é que se está a passar", acrescentou.

Armando Manuel foi indigitado na passada segunda-feira para a pasta das Finanças, em substituição de Carlos Lopes, exonerado no cargo na primeira remodelação após a posse do Governo, em outubro de 2012.

Nesta remodelação, foi ainda substituído o ministro da Construção, Fernando Fonseca, para cujo lugar foi nomeado Waldemar Pires Alexandre, que era coordenador adjunto da Comissão de Gestão do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA).

Samakuva afirmou ainda que "o atual Governo baseado no ‘petrodólar' não serve".

"Uma economia que se baseia no ‘petrodólar' e se esquece de outros setores da economia, pode transparecer ser uma economia vibrante, mas na realidade isso é fictício", afirmou.
Samakuva lembrou que "as fontes energéticas são esgotáveis".

"Se nós não aproveitarmos aquilo que temos agora, se não utilizarmos o que provém do petróleo para dinamizar outros setores da economia, estaremos um dia a ter dificuldades enormes", sublinhou.

Na conferência, Samakuva afirmou que "o MPLA deturpou a história", e por isso procurou desmistificar as verdades de alguns factos da história angolana, desde a formação da UNITA.

O encontro realizou-se no âmbito de uma digressão que o líder do principal partido da oposição em Angola está a fazer por vários países para transmitir a situação em que o país se encontra.

A comitiva de Samakuva passou pelos Estados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Holanda e Alemanha. Seguem-se Bordéus, em França, Espanha e Portugal.

Florence Samakuva, responsável pela UNITA em Paris, considera que esta é uma oportunidade de Isaías Samakuva "passar a mensagem a todos os angolanos que estão em França", uma vez que "muitas vezes a informação não chega" à diáspora, ou "chega deturpada".

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