Thursday, May 9, 2013

Portugal: VEJA COMO OS CORTES EM CARROS DO ESTADO SÃO SÓ PARA INGLÊS VER




Filipe Paiva Cardoso – Jornal i

Só em 18 empresas públicas encontram-se 72 carros para administradores. Parque automóvel vale 3 milhões e gasta 264 mil euros em gasolina

Pelas razões apresentadas ontem por Álvaro Santos Pereira, os cortes nos carros e nos motoristas das empresas, institutos e organismos tutelados pelo ministro da Economia até parecia que iam representar ganhos suficientes para evitar as novas rondas de austeridade e de cortes na despesa agora em curso. “É fundamental reduzir despesa do Estado para não onerar os contribuintes”, sublinhou Santos Pereira no parlamento quando apresentou a medida. Uma questão “de respeito pelo dinheiro dos contribuintes”, salientou mesmo.

Contudo, feitas as contas a 18 das maiores empresas tuteladas pela Economia, descobre-se um potencial de poupança nunca superior a 3 milhões de euros. Nestas 18 empresas encontra-se um total de 72 viaturas para outros tantos administradores. Em média, cada um destes automóveis custou 42 mil euros aos cofres públicos, para uma factura total de 3 milhões de euros, aos quais acrescem mais 3700 euros anuais de custos em combustível, em média por viatura, em 2011 ou 2012 – há empresas que ainda não tornaram públicas as remunerações e regalias de 2012 dos seus gestores, tendo o i usado valores de 2011 nesses casos.

Assim, e para pôr em perspectiva o potencial de poupança do Estado com esta medida, falamos de qualquer coisa como 0,1% do buraco criado pelos swaps nas empresas do mesmo ministro. Aliás, o potencial de poupança é de tal forma diminuto que, mesmo que fosse todo canalizado para uma única empresa pública, não seria suficiente para pagar só o aumento recente da despesa com juros – veja-se por exemplo que o Metro de Lisboa, só no primeiro trimestre deste ano, gastou mais de 120 milhões de euros em juros, quando não tinha registado qualquer despesa com juros no mesmo período de 2012.

“As empresas públicas e os institutos e organismos tutelados pelo Ministério da Economia irão deixar de ter carros e motoristas para todos os vogais e presidente”, anunciou Santos Pereira, referindo que a medida não visa todos os administradores de empresas públicas, só alguns. “Respeitamos o dinheiro dos contribuintes, é fundamental reduzir despesa para não onerar os contribuintes.” A medida surge um ano depois dos cortes salariais aos gestores públicos, que viram os salários limitados ao do primeiro-ministro – poupança de 2 milhões.

Carro ganha mais do que pessoas 

É de realçar porém que o longo parque automóvel apresentado por estas empresas causa alguma admiração, especialmente tratando-se de empresas na maioria dos casos altamente deficitárias. Mas choca também pelas práticas que estas empresas – e também o Estado – têm imposto aos seus trabalhadores. Na Carris, por exemplo, onde as indemnizações às pessoas “rescindidas” foi limitada a 25 mil euros independentemente dos anos de antiguidade, os carros da administração valem bem acima daquele valor, superando todos a fasquia dos 42 mil euros. Também o Estado vai agora limitar as indemnizações aos funcionários públicos “rescindidos” a valores abaixo de todos estes carros (pág. 8). 

As bombas das bombas financeiras No top 5 dos carros mais caros na mão de gestores públicos encontram-se três ao serviço de administrações portuárias, com destaque para as duas viaturas de mais de 64 mil euros que estavam afectos a administradores do Porto de Lisboa, segundo o relatório de 2011 da empresa. O primeiro lugar, contudo, é da Metro do Porto [ao lado]. As empresas analisadas foram a AICEP, a Transtejo, a Refer, a STCP, a NAV, os metros de Lisboa e Porto, a Estradas dePortugal, a CP, a Carris, os CTT,a TAPe os portos de Aveiro, Setúbal, Sines, Lisboa e Douro e Leixões. 

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