Thursday, May 9, 2013

Português que afirmou ter bomba na bagagem julgado em São Tomé - com opinião PG




MYB – APN - Lusa

São Tomé, 08 mai (Lusa) - O cidadão português que terça-feira afirmou ter uma bomba na sua bagagem de mão num voo de São Tomé para Lisboa vai ser julgado quinta-feira em processo sumário, disse hoje fonte judicial à agência Lusa.

Constituído arguido pelo Ministério Público e colocado sob termo de identidade e residência, Manuel Ferreira, de 69 anos, garante, no entanto, que tudo não passou de brincadeira sua.

"Foi uma conversa sem pensar, eu não tenho nada contra o vosso país", disse aos jornalistas sobre o sucedido no voo da STP Airways que liga São Tomé a Lisboa, onde também viajavam o ministro português da solidariedade e segurança social, Pedro Mota Soares e Natália Umbelina, titular dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidade de São Tomé e Príncipe.

Manuel Ferreira foi constituído arguido, mas sem uma acusação formal, segundo o seu advogado, André Aragão.

"Não podemos nesta fase dizer que há uma acusação, vamos ver exatamente o que é que há, mas não podemos ser categóricos dizer que há uma acusação", explicou, acrescentando que "as pessoas foram presentes ao juiz de instrução criminal que infelizmente não esteve disponível, mas no entanto despachou para que ele seja julgado na quinta-feira".

"Nós estamos num país de sistema judicial de estrutura acusatória", indicou.

O advogado do arguido acredita que tudo não passou de "um mal entendido", baseado "numa expressão normal usada pelo seu constituinte", acreditando que "as coisas serão devidamente esclarecidas" durante o julgamento marcado para o tribunal de primeira instância.

Uma fonte responsável da Empresa Nacional de Segurança Área (ENASA) admitiu que tudo pode ter sido, de facto uma "brincadeira de mau gosto".

Mas lembrou que "a atitude do passageiro causou muitos danos" porque "a imagem do país saiu beliscada com as informações que circularam depois deste episódio, o voo atrasou-se em cerca de seis horas com os prejuízos que deste atraso advirão e passageiros que deveriam fazer trânsito em Lisboa ficaram com situação comprometida".

Estes factos foram desvalorizados pelo advogado do arguido, que afirmou que "não há motivo nenhum para alarme".

"Nós sempre fomos um país tranquilo e vamos continuar a sê-lo", acrescentou.

O cidadão português está a ser apoiado pela embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe.

BOMBA! - opinião PG

Compreende-se que a sensibilidade das pessoas e das autoridades seja na atualidade sensível à palavra bomba, ainda para mais num avião, no entanto é exagerado que a falta de humor seja corroída nas circunstâncias descritas e ocorridas com um cidadão praticamente octogenário que brincou com a palavra bomba só porque lhe observaram que a mala que transportava estava pesada. Recorde-se que atendendo à idade do cidadão "bombista" - acompanhado pela esposa - era frequente responder-se há tempos atrás daquele modo quando algo estava ou era pesado. Os mais antigos provavelmente recordam-se desse hábito em Portugal. De outras vezes respondia-se que a mala era pesada devido ao "peso do dinheiro". Existiam várias expressões para aquela circunstância.

O mais lamentável em tudo isto foi não terem compreendido a ausência de crime quando constataram que a referida mala não comportava nenhuma bomba. Os exageros e a estupidez dos elementos da justiça estão bem demonstrados neste caso. Uma pessoa daquela idade - 79 anos - merece o trato de respeito dos elementos da polícia e da justiça, de toda a sociedade em qualquer parte do mundo, sob pena, se não o fizerem, de caírem no ridículo. É aquilo em que as autoridades santomenses estão a cair, com o agravante de estarem a desrespeitar um octogenário bem disposto, cheio de humor, bem vivo.

Se o agravante das circunstâncias se prendem com o facto de naquele avião estarem presentes ministros de Portugal e de São Tomé e Príncipe o caso ainda é mais ridículo e demonstra uma dimensão de estupidez, de paranóia, de exagero, imensurável. "Felizes dos pobres de espírito", parece que é uma frase bíblica. Pena que os pobres de espírito tramem a vida aos que vivem com todo o espírito e encaram a vida com humor. Se os pobres de espírito são felizes por isso, por serem paranóicos, ridículos, são realmente mesmo pobres. (Redação PG)

Áudio: Já agora... uma bomba - em especial para o cidadão octogenário rodeado de paranóicos.

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