Tuesday, April 30, 2013

Portugal: DITO & FEITO




José António Lima – Sol, opinião

Quando decidirem parar de fazer remodelações, não se esqueçam de avisar – era uma piada que, por estes dias, corria com sucesso nos meios políticos e jornalísticos.

Na verdade, desde Fevereiro até agora, mês após mês, Passos Coelho já fez entrar no Governo 2 ministros acompanhados por 15 secretários de Estado. E aos bochechos: a 4 de Abril, a 13 de Abril e a 22 de Abril. Com esta cadência de 9 em 9 dias prevê-se nova mexida na próxima 4.ª-feira...

Mas, para lá das ironias, o facto é que estas remodelações aos soluços e em sessões contínuas não abonam a favor da imagem de coesão do Governo. Nem da capacidade de planeamento do primeiro-ministro. Que, depois de ter manifestamente hesitado entre uma remodelação profunda e alargada do seu Executivo e uma mini-alteração apenas na pasta ocupada por Miguel Relvas, acabou por se deixar arrastar para esta sucessão de tomadas de posse, para acorrer a fogos pontuais e sem fim à vista. O que virá a seguir?

Acresce que, entre os nomes agora chamados ao Governo, podemos encontrar uma secretária de Estado que ainda há meses pedia que se votasse contra o Orçamento de Vítor Gaspar, um outro que criticou a proposta de aumento da TSU feita por Passos Coelho, ou ainda um ex-jornalista que não disfarçava o seu alinhamento com o santanismo, o menezismo ou o relvismo e agora recebe a sensível pasta da Cooperação no MNE de Paulo Portas. Convenhamos que é, no mínimo, preocupante esta salgalhada no que respeita à coerência política e à unidade estratégica do Governo.

Não deixa de ser estranho, por fim, que dois secretários de Estado tenham saído por força dos contratos swaps que caucionaram no seu passado de administradores – num processo conduzido no interior do Governo por uma outra secretária de Estado, Maria Luís Albuquerque. Reconhecidamente competente, mas também ela envolvida na celebração de swaps, melhores ou piores, no seu passado recente.

Há dois pesos e duas medidas? Não seria curial que fosse uma entidade independente a conduzir o processo das swaps? Passos Coelho não percebe o efeito descredibilizador de tudo isto?

jal@sol.pt

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