Folha 8 – 7 setembro 2013 – edição 1158
Tal como na cerveja, ou no vinho, o mercado angolano de “fast food” continua em alta. A Ibersol, por exemplo, registou no primeiro semestre deste ano, vendas de 78,4 milhões de euros, valor que representa uma queda total de 2%. No entanto, se não fossemos nós o trambolhão teria sido de 6%.
E se assim é, a Ibersol não está com meias medidas e prepara-se para abrir por cá duas novas lojas KFC (Kentucky Fried Chicken). Por outras palavras, dois restaurantes da cadeia de “fast food” desta empresa facturaram 3,3 milhões de euros nos primeiros seis meses, quase tanto como as 18 que o grupo detém em Portugal.
O lucro da Ibersol em Portugal caiu 16,5% para 691 mil euros no primeiro semestre em relação ao período homólogo de 2012. O volume de negócios consolidado do grupo português de restauração ascendeu a 80,4 milhões, 1,6% abaixo dos 81,6 milhões de euros no período homólogo de 2012, o que reflecte a diminuição do consumo de restauração nos centros comerciais, onde funcionam a maioria das lojas da Ibersol.
Segundo o comunicado da empresa, o Burger King foi o conceito do grupo com uma evolução mais positiva com ganhos acentuados de quota no segundo trimestre. Em contrapartida, a Pizza Hut foi negativamente afectada pelo comportamento do segmento de entregas ao domicílio, que manteve a tendência negativa do segundo semestre de 2012.
A Ibersol, que também gere a Pizza Hut e o Burger King em Portugal, registou uma queda global nas receitas de 2% para 78,38 milhões de euros. No entanto, o negócio do grupo em Angola impediu uma descida mais expressiva. “Sem a actividade em Angola as vendas teriam reduzido em 6,1%”, lê-se no documento.
Um dos restaurantes KFC está no aeroporto de Luanda e, na sua página oficial no Facebook, é referido que esta foi a primeira cadeia de restaurantes americana a chegar ao país, em 2012. A facturação de 3,3 milhões de euros está, aliás, em linha com as expectativas da Ibersol.
Portugal e Espanha penalizaram as contas da empresa, com quedas de receitas 6,8% e 4,4%, respectivamente. No mercado português, as vendas foram de 54,46 milhões de euros e foi a Pizza Hut que mais contribuiu para este resultado (facturou quase 22 milhões de euros). De todos os restaurantes que gere (e onde se incluem também o Pasta Caffé e O’Kilo), o Burger King foi o único que não caiu. Conseguiu até aumentar as vendas em 1,7% para 9,48 milhões de euros.
“A desaceleração da quebra do consumo de restauração dos últimos dois meses e uma operação estável em Angola permitiu uma recuperação do volume de negócios do grupo que, no segundo trimestre, atingiu o mesmo nível do verificado no período homólogo de 2012”, refere a empresa.
A abertura há pouco mais de um ano do primeiro restaurante em Angola faz parte, segundo a em presa, de uma estratégia de expansão da KFC para África, que tem como objectivo estar presente em 20 países.
“A nossa presença em África surge em linha com o potencial de crescimento dos países africanos. Enquanto líder de mercado, estamos muito entusiasmados com o potencial de Angola e com a possibilidade de oferecer aos angolanos o melhor frango que só nós sabemos confeccionar”, afirmou na altura da inauguração Bruce Layzell, Director Geral KFC para os Novos Mercados Africanos.
Na mesma altura, António Pinto de Sousa, Administrador do Grupo Ibersol e PCA da Ibersol Angola, explicou que a “entrada da KFC em Angola tem vindo a ser estudada há cerca de quatro anos, na sequência de um convite formulado pela Yum, a proprietária da marca.”
E, acrescentou: “O compromisso que assumimos é o de implementar o conceito de acordo com as melhores práticas internacionais, através de jovens quadros angolanos, devidamente treinados por forma a poderem evoluir para as diferentes funções da empresa.”
Tratou-se de um investimento então avaliado em cerca de 5 milhões de dólares, repartido pelas unidades Drive thru Aeroporto (para compras realizadas a partir do interior do veículo), e a unidade no Belas Shopping.
Para os menos familiarizados com o conceito, a especialidade da cadeia, fundada em 1939 pelo americano Harland Sanders (cujo rosto surge no logótipo) é o frango frito (reza a lenda que a receita é secreta), acompanhado com batatas fritas feitas no momento. Mas a KFC também serve outras refeições ligeiras tais como hambúrgueres, sanduíches, saladas e sobremesas. O preço dos produtos vai desde os 350 aos 1500 kwanzas, mas pode chegar a 5 mil kwanzas se o cliente optar por uma refeição familiar.
Aproveitando a vantagem de ainda não ter a mais séria concorrência (McDonald’s e Subway) a fazer estragos, já existem restaurantes KFC no Gana, Zâmbia, Quénia, Malawi, Tanzânia, Uganda, RDC e Madagáscar.
Desde os anos 90 que a indústria de “fast food” é acusada, há quem diga que injustamente, de promover a obesidade. Filmes como “Fast Food Nation”, de 2002, e “Super Size Me”, de 2004, alinham nessa cruzada.
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