Wednesday, September 11, 2013

OPORTUNIDADE PERDIDA?

 

Martinho Júnior, Luanda

1 – Com notícia de 4 de Setembro do mês corrente a Rádio Luanda deu a conhecer:

“Albina Assis lança Gestão Sustentável do Petróleo Angolano, Estudo Comparativo Angola/ Noruega.

A engenheira Albina Assis, lançou, terça-feira, 03/09/13, o livro Gestão Sustentável do Petróleo Angolano, Estudo Comparativo Angola/ Noruega, noticiou a Rádio Luanda.

De acordo com Alves da Rocha, que fez a apresentação do livro, no auditório da Universidade Católica de Angola, (UCAN) o livro de vertente científico é um contributo para garantir o futuro das próximas gerações da nossa terra.

O livro da engenheira Albina Assis equaciona o desenvolvimento sustentável, de uma maneira, que nós temos que começar a encarar, aproveitar o petróleo para garantir uma serie de coisas, no futuro, garantir boas condições às gerações futuras, portanto, é um livro que, as universidades, nas disciplinas da economia do ambiente e sustentabilidade, vão ter que incorporar”, afirmou.

Por seu turno, a autora da obra, afirma que a sustentabilidade proporciona a renovação, e reutilização dos recursos provenientes do petróleo à geração futura.

A sustentabilidade é criar coisas que se renovam, e que dão possibilidades de serem utilizadas pelas gerações presentes e futuras”, salientou”.

2 – É deveras salutar os dirigentes angolanos preocuparem-se com a sustentabilidade das iniciativas, tendo em conta as estratégias que deverão nortear as acções no presente em relação aos cuidados e prevenções que devem ser equacionados a pensar nas realizações do futuro.

Uma das formas de em contradição com essa intenção a contrariar, é deixar em mãos de privados a exploração dos recursos de petróleo e de gás, mesmo que ao estado seja reservado o papel fiscalizador; nesse caso um assunto de carácter tão estratégico seria compartido com outros, que iriam contribuir ainda mais para o “reforço” de muitas das vulnerabilidades existentes.

Entregar um papel fiscalizador neste momento ao estado angolano em matéria de gás e de petróleo, proporcionando ao mesmo tempo a privados a sua exploração, será mais uma fórmula para se aumentarem os índices de corrupção e de mercenarismo, num processo descaradamente elitista!

A opinião de entregar a privados a exploração do petróleo angolano terá sido emitida pela engenheira Albina Assis, conforme o que noticiou um arauto do modelo neo liberal de globalização, o jornal Expansão!

Ainda não tive a possibilidade de ler o seu livro lançado no auditório da Universidade Católica, um livro publicado por uma entidade que já foi Ministra dos Petróleos e é profunda conhecedora de muitas questões, entre elas, as questões relacionadas com a exploração, gestão, comercialização e reserva do petróleo e do gás angolanos, todavia suspeito que a preocupação por mim apresentada na minha curta intervenção sob o título de “Colapso na estratégia do petróleo em Angola”, de acordo com uma visão estratégia nacionalista sobre o tema, tenha sequer sido abordada.

É possível que o que lá se diz, conforme a onda que atinge Angola, uma onda própria da doutrina de choque conforme ao que com tanta propriedade tem sido diagnosticado por Naomi Klein, ser bonançoso e bem agradável para os interesses das multinacionais anglo-saxónicas e do cortejo de seus seguidores, incluindo alguns angolanos que se perfilham no carácter das novas elites que começam a tutelar os destinos do país.

3 – Desse modo entre as muitas questões que ficam em aberto há duas que me parecem pertinentes:

- Como alguma vez se poderão equacionar políticas de desenvolvimento sustentável, quando falham, em relação à organização da gestão de reservas de petróleo e de gás, as políticas tão urgentes e necessárias de salvaguarda dum produto tão essencial à vida de Angola agora e durante as próximas décadas?

- Como alguma vez será possível a organização de reservas estratégicas de petróleo e de gás, sem o empenho directo do estado angolano e entregando o “serviço” a privados?

Esperemos que o livro da engenheira Albina Assis, uma nacionalista que deu a sua contribuição ao movimento de libertação em África, não seja mais um daqueles que, desta feita, seja para “chinês, americano, inglês, canadiano, ou norueguês ver”!

Por todas as razões e como sou angolano, admito a possibilidade de voltar ao tema depois daquilo que for possível ver!

Foto: A engenheira Albina Assis, nacionalista e profunda conhecedora dos assuntos relacionados com o petróleo e com o gás angolanos. Uma professora sob exame.

A consultar:
- Albina Assis diz que SONANGOL não devia explorar petróleo –
http://expansao.sapo.ao/noticias/nacional/detalhe/albina_assis_diz_que_sonangol_nao_devia_explorar_petroleo
- Albina Assis lança Gestão Sustentável do Petróleo Angolano, Estudo Comparativo Angola/ Noruega –
http://www.rna.ao/radioluanda/noticias.cgi?ID=77703
- Lançada obra sobre a gestão sustentável do petróleo angolano –
http://www.diarioangolano.com/index.php/economia/171-petroleo-e-minerais/4017-lancada-obra-sobre-gestao-sustentavel-do-petroleo-angolano
- SONANGOL Notícias –
http://www.sonangol.co.uk/wps/wcm/connect/c4e116004764dc5f9637f71aeced2400/Jun2010.pdf?MOD=AJPERES

No comments:

Post a Comment